ECONOMIA: Cenário econômico do Amazonas promete ser de desafios em 2023, em vários setores

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Indústria e Comércio apontam desafios na economia para o próximo ano. Foto: Reprodução.

Apesar de apresentar sinais de recuperação neste ano, o cenário econômico do Amazonas promete ser de grandes desafios a serem enfrentados, em 2023. Esta, pelo menos, é a expectativa em vários setores.

No setor industrial, embora a pandemia de Covid-19 tenha dado uma trégua com o avanço da vacinação, os reflexos das restrições em países como a China serão sentidos por aqui. Também trarão impacto as instabilidades provocadas pelas eleições majoritárias nacionais, além da insegurança jurídica pela qual passa o principal modelo econômico do estado, a Zona Franca.

O presidente do Centro da Indústria do Amazonas (CIEAM), Luiz Augusto Rocha, explica que o estado ainda sente uma certa desarticulação na cadeia global de fornecedores, agravada pela invasão da Rússia na Ucrânia e pela política de tolerância zero com a Covid-19 em importantes regiões produtoras industriais, na China. “A indústria é um setor que sente muito forte essa volatilidade da economia. Fica difícil organizarmos investimentos e criar mais postos de trabalho, com este cenário de incertezas, somada à insegurança jurídica do modelo Zona Franca”, acrescentou.

De acordo com dados do CIEAM, ainda que em condições desafiadoras, o Polo Industrial de Manaus está gerando, hoje, mais de 105 mil empregos diretos, crescimento que tem se mantido nos últimos anos. Foram gerados 100.747 empregos em 2021; 92 mil em 2020; e 87 mil em 2019.

“Mesmo com tantos problemas internacionais e domésticos, estamos confiantes de que seguiremos expandindo o emprego e o faturamento no próximo ano. Estamos ajustando a produção, melhorando processos produtivos e buscando maior eficiência econômica. A indústria brasileira é forte e muito diversificada”, disse.

Otimismo no comércio

Segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), Aderson Frota, o setor tem experimentado crescimento, ainda que de forma tímida, com geração de emprego e renda, se recuperando paulatinamente.

Frota enxerga com otimismo o cenário para 2023. O consumidor, disse ele, pode esperar uma inflação menor, taxa de juros menores e mais facilidades no acesso ao crédito. “Nossa expectativa é que vamos entrar num processo de recuperação sólido, bem estruturado, que vai permitir uma economia mais dinâmica, gerar mais empregos e, acima de tudo, gerar renda e mais qualidade de vida”, acrescentou.

Recuperação demorada

Em 2023, os reflexos da pandemia e da guerra na Ucrânia, sem sinais de encerramento, ainda farão parte da realidade mundial e, consequentemente, nacional e local. A análise é da economista e professora da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Michele Lins Aracaty.

De acordo com a economista, a retomada do preço normal dos combustíveis, que deve ocorrer nos primeiros dias do ano, e a falta de produtos, efeito da guerra, são algumas das complicações que mais afetarão a economia.

“Mesmo com implantação de planos emergenciais ou medidas para conter os efeitos da crise, a recuperação da economia deve ocorrer em dois ou três anos. Quando se fala em economia, não podemos esperar nenhum resultado a curto prazo”, explicou.

Uma prova de que os efeitos da pandemia ainda estão surgindo, assim como são fortes os reflexos da guerra na Ucrânia, de acordo com ela, é o aumento da taxa de juros, anunciado pelos Estados Unidos nesta semana, uma prática incomum no país. “Isso traz reflexo na economia mundial e, consequentemente, nos afeta também. Sentiremos por um tempo os reflexos da guerra, que causou uma desorganização da cadeia de produção, gerando concorrência internacional e elevando o preço de produtos”, destacou.

Outro ponto preocupante potencializado na crise econômica, na avaliação de Michele, é a falta de políticas públicas voltadas para um combate mais efetivo à fome e vulnerabilidade social. “Os programas criados para enfrentar essa questão são políticas de repasse de renda. Se não houver coordenação para que a maioria das pessoas saia desse assistencialismo, com ações voltadas para a geração de mais empregos, a recuperação será ainda mais difícil”, alertou.

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