Vendedores ambulantes irregulares causam transtornos no Centro de Manaus

Os vendedores ambulantes irregulares são um dilema constante nas ruas do centro de Manaus, mais especificamente no entorno do Mercado Municipal e da Feira Manaus Moderna. Um dos principais problemas é a ocupação das calçadas, que dificulta a passagem dos pedestres e causa transtornos para o trânsito.

Nessa sexta-feira (14), a equipe do Canal Três foi aos locais e constatou que além de disputar o espaço com os pedestres, os vendedores ambulantes também competem os clientes com os estabelecimentos regulares nas proximidades do Mercadão.

Os vendedores ambulantes irregulares são aqueles que não possuem permissão legal para realizar suas atividades comerciais nas ruas da cidade. Eles vendem uma ampla variedade de produtos, desde alimentos e bebidas até roupas e acessórios, em barracas improvisadas e até mesmo em carros de mão. Essa prática irregular é uma violação das normas municipais e prejudica tanto os comerciantes formais quanto a ordem urbana.

Além disso, os ambulantes irregulares muitas vezes vendem produtos piratas ou de qualidade duvidosa, o que pode ser um risco para a saúde dos consumidores, como é o caso das frutas, verduras e legumes, produtos mais vendidos na área, que muitas vezes não são higienizados e nem armazenados de forma correta.

Segundo relatos de comerciantes do entorno, a presença dos ambulantes irregulares tem causado concorrência desleal. Esses comerciantes afirmam que, devido à falta de custos operacionais e tributários, os vendedores ambulantes conseguem oferecer preços mais baixos, sem pagar impostos e sem ter cuidado com a procedência dos alimentos vendidos.

Para a gerente de uma frutaria regularizada que não quis se identificar, a prefeitura deveria “pôr ordem na casa”, como fez com os camelôs, que foram retirados das calçadas e das ruas, e alocados em galerias populares.

“A prefeitura fez tanta coisa para retirar os camelôs da rua, deveriam retirar também os ambulantes, que atrapalham o tráfego e ainda afastam a clientela pela falta de cuidado com os alimentos”, questionou a mulher de 42 anos.

Para a estudante Aline Silveira, que frequenta o Centro da cidade para fazer compras, alguns ambulantes não se importam de ocupar o maior espaço possível, seja das calçadas ou até mesmo das ruas.

“É muito complicado caminhar aqui porque eles estão em todos os locais. Se não tiver cuidado a gente esbarra nas mercadorias deles e eles ainda ficam bravos”, contou.

A Prefeitura de Manaus já tentou resolver o problema, mas sem sucesso. Os vendedores ambulantes são resistentes à fiscalização e muitas vezes voltam a ocupar as ruas logo após serem removidos.

Um dos ambulantes que trabalha na rua Barão de São Domingos e preferiu não ser identificado, contou que sabe que é proibido vender nas vias daquela área. Contudo, aquela é a única fonte de renda dele, alega.

“Eu não sei fazer outra coisa da vida. Sempre trabalhei vendendo alguma coisa e aqui é um bom ponto porque o fluxo de pessoas é grande”, contou o comerciante de verduras, que disse ter 65 anos.

O vendedor contou que se fosse expulso por fiscais, voltaria a trabalhar na área porque essa é a única forma que tem de garantir a renda da família. “Se me mandarem embora eu vou, só que assim que virarem as costas eu volto porque é daqui que consigo o aluguel da minha casa e o nosso alimento”.

Pergutado sobre o que poderia ser feito para melhorar a situação dos ambulantes naquele local, o homem explicou que a Prefeitura deveria criar mais espaços específicos para os vendedores ambulantes, oferecer cursos de qualificação profissional e apoiar a expansão de cooperativas de trabalhadores desse segmento.

Enquanto esteve no local, o Canal Três não identificou nenhum funcionário de fiscalização da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (SEMACC), pasta responsável pelo ordenamento e fiscalização do comércio informal.

É importante ressaltar que nem todos os vendedores ambulantes são irregulares. Muitos empreendedores têm buscado regularizar sua situação e obter as autorizações necessárias para realizar suas atividades comerciais de maneira legal e contribuir para o desenvolvimento econômico da cidade.

Para o vendedor ambulante de 65 anos, a solução para esse problema requer um esforço conjunto das autoridades, comerciantes estabelecidos e vendedores irregulares.

“A presença dos ambulantes irregulares no Centro continua a ser uma questão que demanda atenção por parte das autoridades. Eles precisam oferecer um ambiente comercial justo e favorável para todos os envolvidos”, disse o ambulante.

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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