Rafaela Margarido comemora 10 anos como produtora cultural em Manaus, trazendo grandes espetáculos e formando novos talentos para a arte.
Mulher. Preta. Mãe. Artista. Nortista. É assim que a produtora cultural e CEO da Casa de Artes Trilhares, Rafaela Margarido, se apresenta em uma de suas redes sociais. Mas, para Manaus, Rafaela ainda vai além, sendo conhecida também como uma das personalidades femininas empreendedoras que mais se destacou no campo da Cultura, nos últimos anos, trazendo a Manaus, ao completar uma década de produção, a primeira obra licenciada pela Broadway da Casa Trilhares, o musical Escola do Rock, que estreará no próximo dia 25, no Teatro Amazonas se estendendo somente até o dia 26.03.
Rafaela festeja seus 10 anos relembrando sua trajetória de quando deixou a área do Direito para mergulhar fundo no teatro e na produção cultural de Manaus. O começo foi na Companhia de Teatro Metamorfose, tradicional em Manaus, onde atuou apenas como apoio a seu marido, Léo Margarido, filho da fundadora do dessa companhia, Socorro Andrade. A semente da produção cultural começou nesse período.
Rafaela passou dois anos e meio na companhia Metamorfose e começou a trabalhar elaborando projetos culturais, inclusive sendo contratada na época como produtora local de um projeto da Honda via São Paulo.
O nascimento da Casa de Artes Trilhares ocorreu primeiro como um espaço cultural, com apresentações aos finais de semana, em um shopping de Manaus. “Não queríamos que a Trilhares fosse apenas uma escola, mas sim um espaço cultural e um local de troca e formação artística”, conta Rafaela, lembrando que o grupo passou por vários endereços até se fincar no atual, na rua Belo Horizonte, em Adrianópolis, com salas que homenageiam grandes artistas locais, como Ednelza Sahdo, Zezinho Correia, Nonato Tavares e Rosa Malagueta.
A Casa de Artes Trilhares, hoje com sete anos de atividades, marca espetáculos como o musical “As aventuras de Matilda”, “Diário das Marias”, “Ópera do Malandro”, que inovou com apresentações a meia noite na sua sede, e o agora “Escola do Rock”. Por trás desse sucesso, há vários profissionais envolvidos e liderados, nos bastidores, por Rafaela.
Em seus 10 anos como produtora, Rafaela não esconde o orgulho de sua trajetória, mas não romantiza os desafios. “São 10 anos só vivendo de arte, mas não é assim ‘romantiquinho’. Foram anos extremamente difíceis, como 2022; houve um dos anos, 2016, em que chegamos a alugar nosso apartamento para morar na Trilhares para não fecharmos, fora outras histórias de desafios. Hoje, fico feliz de não ter desistido”, conta Rafaela, que está sempre estudando produção e gestão cultural e referencia seus professores e pessoas que a inspiram, como Rômulo Avelar, Daniele Sampaio e, em Manaus, em João Fernandes, entre vários outros.
“Em paralelo a isso, tem ainda meus dois filhos: a Lara, de 12, e Joaquim, de 5. Esta é a vantagem de se trabalhar com seu companheiro porque podemos dividir as atividades da vida pessoal com a profissional”, revela Rafaela, saudando também a família Trilhares que, segundo ela, acaba sendo uma “casa de acolhimento” com a troca que acontece entre os alunos, pais e a companhia.