Taxação sobre super-ricos deve arrecadar R$ 10 bi ao ano e equilibrar isenção do IR

A medida provisória (MP) que amplia a isenção do imposto de renda para indivíduos com rendimentos de até R$ 2.640 foi aprovada pela Câmara dos Deputados, nessa quarta-feira (23). A renúncia da receita fiscal deve ser compensada com a taxação dos chamados fundos de super-ricos.

O projeto aprovado na Câmara dos Deputados também contempla um aumento no salário mínimo, além de estabelecer uma política de valorização para os ajustes a serem feitos no futuro. No entanto, a questão central para o governo era o Imposto de Renda (IR), uma vez que a renúncia de receita exigia compensação para evitar qualquer violação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

A atualização do Imposto de Renda está em vigor desde maio deste ano, após o envio da MP 1.171 pelo governo ao Congresso. Naquela ocasião, foi estimado um impacto financeiro de aproximadamente R$ 15 bilhões até 2025, dos quais R$ 3,2 bilhões correspondem somente a este ano.

A Medida Provisória antecipava que os gastos seriam equilibrados por meio da imposição de tributos sobre offshores e trusts. No entanto, os membros do congresso não acolheram a proposta de forma favorável, o que levou o governo a retroceder e elaborar a construção de um novo acordo.

Nos próximos dias, uma nova medida provisória será encaminhada ao Congresso pelo governo, com o propósito de modificar a tributação dos fundos exclusivos onshore (destinados aos super-ricos). A expectativa é de que as alterações na lei elevem a arrecadação anual em R$ 10 bilhões.

Além deste montante anual, a MP também contemplará um mecanismo destinado a gerar receitas já no decorrer deste ano. O texto proposto estipula uma taxa de 10% para os investidores que realizarem a atualização dos montantes acumulados nos seus fundos, valor inferior à taxa previamente estabelecida de 15%.

Os fundos exclusivos são aqueles em que há um único cotista; eles são personalizados e geridos por profissionais. Atualmente, esses fundos só são taxados pelo IR no momento do resgate. A ideia seria de que esses ativos pudessem ser tributados periodicamente.

Somente 2,5 mil indivíduos brasileiros investem nesses fundos, os quais possuem um patrimônio acumulado de R$ 756,8 bilhões, correspondendo a 12,3% do total da indústria de fundos no país.

Além de garantir a isenção do IR, a medida é considerada fundamental pelo governo, visto a cruzada que a área econômica vive para zerar do déficit primário no exercício de 2024 e cumprir as metas do marco fiscal.

A taxação de offshores trusts, apesar de sair da pauta neste momento, ainda será proposta ao Congresso. Será enviado um projeto de lei, que pode desconsiderar ganhos de variação cambial para viabilizar a aprovação entre os congressistas.

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