Startup Devpass permite desenvolvedores acelerarem a carreira com ‘ajuda do ChatGPT’

Com ajuda de chatbot esperto, companhia oferece plataforma para treino de habilidades técnicas e comportamentais de profissionais

Além da falta de desenvolvedores para suprir vagas, um dos grandes desafios de empresas e startups nos tempos atuais é adaptar com velocidade novos contratados – em alguns casos, a pouca experiência joga contra o profissional. Esse é um cenário que a startup Devpass deseja mudar com uma mãozinha do ChatGPT – ou quase isso.


Fundada em 2021 pelo manauara Rodrigo Borges (ex-Viva Real e Farfetch) e pelo cearense Dimitri Fernandes (ex-Endeavor, Airbnb, WeWork e Yuca), a companhia usa inteligência artificial (IA) em sua plataforma, a Evercode, para que desenvolvedores treinem e evoluam habilidades técnicas e comportamentais exigidas na rotina desses profissionais dentro das empresas.


“A única maneira de escalar uma solução como essa é por meio de IA”, afirma ao Estadão Fernandes. O Evercode é uma evolução do Devsprints, um produto que colocava desenvolvedores em contato com profissionais do mercado para tirar dúvidas, enfrentar desafios e treinar habilidades. As reuniões, porém, exigiam turmas pequenas e datas e horários específicos. Com a ajuda da IA, mais profissionais podem praticar no seu próprio tempo – e as empresas podem customizar a solução para suas próprias necessidades.


O chatbot inteligente da Devpass se chama Denise e cumpre o papel de líder de tecnologia de uma empresa – o “cérebro” da ferramenta é o GPT 3.5, da OpenAI, o mesmo que alimenta a versão gratuita do ChatGPT. Por meio do Discord, a Denise propõe os desafios, informa
resultados e aponta pontos de melhoria para o profissional.


O profissional, então, deve subir no GitHub os códigos desenvolvidos para receber os comentários da Denise. Os servidores da Devpass fazem o meio de campo entre Discord, GitHub e OpenAI. “O resultado dessa plataforma é o resultado de conversas que tivemos com mais de 200 diretores de tecnologia em todo o mundo”, conta Fernandes.

Desde que o ChatGPT furou a bolha e se tornou um dos principais assuntos na tecnologia, uma aplicação da ferramenta testada por desenvolvedores é o desenvolvimento de código – ou seja, o programador passa a trabalhar em parceria com o sistema, que pode sugerir e corrigir código. Essa é uma possibilidade de implementação futura da Evercode, mas seus criadores acreditam que ela vai além.


“Não somos um curso, e sim uma plataforma na qual o desenvolvedor pode aprimorar de maneira contínua seus conhecimentos e adquirir novas habilidades. Queremos ser a principal ferramenta na jornada de um desenvolvedor durante sua carreira”, explica Borges.


Inteligência artificial é sexy


O barulho em volta de sistemas de IA tem sido positivo para a Devpass. “Desde que passamos a sinalizar que somos turbinados por IA, o número de interessados e curiosos nos procurando cresceu, conta Fernandes. No passado, a companhia já teve como clientes a corretora XP e a fintech Cora.


Até aqui, a companhia tem uma rodada pré-seed de US$ 200 mil, que teve participação da Brazil Venture Capital, Juliano Dutra (cofundador da Gringo, de gestão de veículos), Denis Minev (CEO da rede varejista Bemol) e Ugo Roveda (cofundador da Kenzie Academy).


Atualmente, os fundadores não estão no mercado em busca de novos aportes, algo que pode mudar no segundo semestre, mas eles acreditam que o movimento de interesse por IA pode beneficiar a startup na busca por um cheque.

Nem o atual momento do mercado, de escassez de investimentos, parece assustar a dupla. “O problema que atacamos vai sempre existir independentemente de demissões ou do GPT. Faltam desenvolvedores e isso não tem resolução de curto prazo”, afirma Fernandes. “Isso
sempre faz os fundos nos consultarem”, diz.


“Temos a sorte de estar trabalhando com IA no maior hype dessa tecnologia em todos os tempos”, completa.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui