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Carmen Lysia Nogueira
Especial para o CANAL TRÊS
Recife é efervescente, mesmo se o roteiro turístico não incluir praias e festas juninas típicas nos meses de junho e julho. Sim! Há quem prefira curtir a temporada do meio do ano sem se importar com o tempo nublado e temperatura amena que varia de 15 a 25 graus, na região. Com o reaquecimento do setor de turismo, como resultado do avanço da vacinação contra a Covid-19, o passeio na capital pernambucana é repleto de tradição, modernidade e sabor.
O ponto alto do turismo no mês de julho no Recife é a Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenarte), que está na 22ª edição. Começou no dia 06 e segue até 17. Cinco mil artesãos expõem em 700 espaços, distribuídos em uma área de 30 mil m², no Centro de Convenções de Pernambuco, situado no limite das cidades de Recife e Olinda. Dentre os expositores, 80% são de Pernambuco, embora a feira mantenha os tradicionais estandes de produtos e artesanato de vários estados e países.
Neste ano, a expectativa dos organizadores é receber um público de 200 mil visitantes, entre turistas e moradores da cidade. O evento tem programação intensa que inclui, além das exposições de artesanato, desfiles de moda, oficinas gratuitas, rodas de conversas, shows, decoração, gastronomia e atividades infantis.
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Passeio de bicicleta – Circular de bicicleta nas ruas do Recife é outro roteiro imperdível. Atualmente, a cidade possui 165,5 km de malha cicloviária, entre ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas. É possível percorrer bairros da zona Norte, circular no Recife Antigo e chegar até à praia de Boa Viagem, em trechos sinalizados para ciclistas. Aos domingos, a fiscalização de agentes de trânsito é ampliada e contribui para dar mais segurança para famílias inteiras que utilizam a bicicleta como lazer. Ao longo das ciclofaixas há várias estações para aluguel de bicicletas por aplicativo.
Museus – Para conhecer as origens da diversidade cultural do Recife é necessário visitar os museus da cidade. No período das férias do meio do ano, os centros culturais e museus estão em pleno funcionamento. Entre vários espaços que contam a história do povo pernambucano, sugiro Instituto Ricardo Brennand, Oficina Cerâmica Francisco Brennand (bairro da Várzea), Museu Paço do Frevo, Embaixada de Pernambuco – Casa dos Bonecos Gigantes, Sinagoga Israel Kahal Zur, Museu Cais do Sertão (bairro do Recife Antigo) e o Museu do Homem do Estado (bairro das Graças).
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Gastronomia – Experimentar a gastronomia local é uma forma de conhecer a história do povo pernambucano. O recifense se orgulha de manter a tradição da cozinha ancestral e, ao mesmo tempo, ousa com inovações na culinária contemporânea. De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Recife tem mais de 10 mil restaurantes que variam dos mais simples aos mais sofisticados.
Alguns restaurantes revelam-se como uma boa oportunidade para sentir a vibração da cidade no lado oposto à beira-mar da zona Sul. O circuito de bares e restaurantes é promissor nas zonas central e Norte do Recife. A criatividade dos chefs pernambucanos atende a todos os paladares: os cardápios incluem carnes, frutos do mar, comida vegana, vegetariana, internacional, do sertão e dos ancestrais africanos.
Entre tantas opções, tive a oportunidade de visitar, despretensiosamente, alguns lugares no Recife que serão sempre lembrados com água na boca.
O Altar Cozinha Ancestral, situado da Rua Frei Cassimiro, bairro de Santo Amaro, zona central do Recife, é um restaurante fundado pela chef Carmen Virgínia, uma Iyabassé, pessoa responsável por preparar as comidas dentro dos terreiros. Em uma casa simples, a chef trouxe para a mesa o tempero das comidas encomendadas aos orixás. Cada prato tem um significado ligado às forças da natureza: água, terra, fogo e ar. Entre as opções do segmento Ar, está um dos pratos mais pedidos: Galinha de cabidela da Vó Edna com fava, farofa de bolão e batata doce salteada na manteiga de alecrim.
Ainda na zona central do Recife, está O Leite, que intitula-se como o mais antigo restaurante em funcionamento no Brasil, desde 1882 na Praça Joaquim Nabuco, 147, bairro de Santo Antônio. Almoçar no Leite é uma viagem no tempo. O ambiente mantém detalhes do prédio do século 19, com fundo musical de piano, ao vivo. O cardápio oferece pratos da culinária internacional, preparados seguindo a tradição do lugar. Inclusive, a sobremesa Cartola d’O Leite é preparada da mesma forma há mais de um século. Segundo o cardápio, é um doce que reúne ingredientes e técnicas de hábitos culturais do colonizador português, do indígena e do africano escravizado.
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Na rua Prof. Otávio de Freitas, bairro da Encruzilhada, zona Norte do Recife, está o Retetéu – Comida Honesta. No cardápio, o tempero pernambucano é servido no quintal e na varanda de uma casa com jeito da vovó. Os pratos variam entre ensopados, guisados, linguiça de bode, queijo de cabra, geleia de umbu e uma variada opção de salgados e doces produzidos na casa. No horário do almoço, o Cupim do Retetéu com suco de tamarindo “é capaz de alcançar a paz no mundo”, como diz no cardápio. O restaurante também abre para o café da manhã regional, nos finais de semana.
A cozinha contemporânea do Ca-já está fincada em um tripé: comida, bem-estar e natureza. O restaurante está instalado na rua Carneiro Vilela, bairro Aflitos, zona Norte. O local abre para almoço e jantar com um cardápio que reúne frutos do mar, peixes, comida vegana e vegetariana. Os pratos são uma deliciosa fusão de ingredientes tradicionais da culinária pernambucana, com a introdução de sabores e técnicas inovadoras. Todos os pratos têm informações sobre a presença (ou não) de glúten e lactose. No cardápio do almoço uma das atrações é o Nhoque de Chamba, feito com inhame, peixe (dourado) na manteiga de garrafa, ragu de chambaril e manjericão fresco.
Passaporte – A variedade de lugares percorridos no Recife pode ser registrada com carimbos no Passaporte Pernambuco. O caderninho, sem validade oficial, recebe o carimbo em 36 pontos turísticos da cidade. O ‘documento’ grátis, lançado por gestores do turismo do estado em 2020, é retirado somente de forma presencial pelo turista, no Portão de Desembarque do Aeroporto Internacional Gilberto Freyre.