O Programa Social e Ambiental de Manaus e Interior (Prosamin+), nessa fase em execução, traz uma série de componentes, que o colocam, pela primeira vez, em total sintonia com a pauta internacional de políticas sustentáveis.
Desenvolvido pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano (Sedurb), o Prosamin+, além de retirar as famílias de áreas de risco, promover coleta e tratamento de esgoto e realizar a requalificação urbanística das áreas de intervenção, também está contribuindo com o reflorestamento.
Nos canteiros de obras do programa estão sendo cultivadas 50 mil mudas, entre espécies nativas e paisagismo. O programa está também reaproveitando toda a madeira das moradias demolidas e reassentadas e resgatando os animais silvestres. O trabalho envolve uma área total de 340 mil m² ao longo do Igarapé do Quarenta, no trecho entre a avenida Manaus 2000, zona Sul, e a Comunidade da Sharp, zona Leste.
Na recuperação arbórea o programa buscou o que há de mais moderno e eficiente em contenção de encostas e apostou em uma planta chamada vetiver.
“São 36 mil mudas da gramínea (capim) de origem indiana, que tem entre as múltiplas utilidades a contenção de erosões, pois consegue se desenvolver em diversos tipos de solo. Suas raízes crescem até 6 metros de profundidade, fazendo com que fique submersa por longos períodos. Dessa forma, suportam a estiagem, são resistentes a queimadas, brotando continuamente”, detalha o secretário de Estado de Desenvolvimento Urbano e Metropolitano, engenheiro civil Marcellus Campêlo.
Outra característica do vetiver é que também é utilizado em projetos de fito remediação, ou seja, descontaminação da água e do solo, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade de vida da população da área do Prosamin+ e entorno, recuperando o que foi degradado.
“É o processo pelo qual a planta remove substâncias poluentes da água ou do solo, e as utiliza em seus processos metabólitos”, explica o biólogo da UGPE, José Cintra.
Além do vetiver, o Prosamin+ está cultivando espécies nativas que serão usadas para recuperar o que foi desmatado ao longo de décadas. Nesse processo estão sendo utilizadas mais de 30 plantas divididas estrategicamente em grande, médio e pequeno portes. O Prosamin+ está reflorestando uma área total de 110.521,40 m² na capital amazonense.
“Estamos utilizando Buriti, Bacaba, Sumaúma, Tucumã, Seringa, Alamanda, entre outras espécies já habituadas ao nosso clima e que cumprirão com perfeição esse papel de reflorestamento”, ressalta José Cintra.
“Quando realizamos esse trabalho de arborização, estamos impactando diretamente no clima da cidade. Criando condições favoráveis para melhorar a temperatura e favorecendo a criação de microclimas, que dão sensação de conforto térmico”, aponta Camila Fuziel, técnica da Subcoordenadoria de Meio Ambiente da UGPE.
Reaproveitamento
Além do reflorestamento, o Prosamin+ está reaproveitando o que já foi retirado. As madeiras das palafitas demolidas e a vegetação dos canteiros de obras não serão descartadas. Em uma cidade que necessita de arborização, toda a supressão vegetal é reaproveitada e usada nas próprias comunidades. Os troncos maiores de 25 centímetros são fixados ao solo e usados como trilhas nas áreas de reflorestamento, enquanto os menores são triturados para servirem de adubo onde ocorrerá o reflorestamento.
As estruturas de madeira das casas são recolhidas e encaminhadas para olarias em Iranduba (a 23 quilômetros de Manaus), onde são queimadas nas caldeiras e viram energia para a produção de tijolos.
Reconhecido por promover requalificação urbanística, limpeza de igarapés, coleta, tratamento de esgoto e reassentamento de famílias das áreas de risco, o Prosamin+ agora contribui significativamente para transformar Manaus em uma metrópole ecologicamente correta.
“O programa aproveita o que a natureza oferece, para recompor o que a ação humana degradou ao longo de décadas. Temos uma preocupação genuína com a requalificação ambiental nas áreas de intervenção”, afirma Marcellus Campêlo.
Nesse novo enfoque, o Prosamin+ vai além e também pratica o remanejo da fauna. Cumprindo o que estabelece o Sistema de Gestão Socioambiental da UGPE e o Marco de Políticas Ambientais e Sociais do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), biólogos, agentes ambientais e técnicos de segurança do trabalho realizam na área de intervenção coleta e transporte de fauna silvestre, amparados pela Legislação Ambiental Brasileira.
Os animais silvestres resgatados passam por avaliação médica, caso estejam doentes, machucados ou com condições anormais aparentes, recebem tratamento, e depois são reintroduzidos à natureza, na Área de Preservação Ambiental mais próxima. Preguiças, mucuras, iguanas, cobras e jacaretingas, entre outros, foram resgatados e hoje já vivem em segurança.
As obras executadas pela UGPE e financiadas pelo BID cumprem uma série de determinações operacionais e criteriosas nas áreas ambiental e socioambiental. ”Esse trabalho dá dignidade aos animais, dando a eles uma condição similar ao lugar onde habitavam”, destaca o subcoordenador ambiental da UGPE, Otacílio Junior.
Quem passou as últimas décadas na área de intervenção e viu os danos ambientais se multiplicarem, reconhece a importância do trabalho que está sendo realizado.
“É uma transformação radical para melhor. Essa iniciativa de valorizar a natureza, faz a diferença”, comemora a artesã Emilene Mariano, moradora há mais de 20 anos da Comunidade da Sharp, na zona leste.