DA REDAÇÃO
MANAUS – |A Polícia Federal confirmou na noite de terça-feira (14), a prisão temporária de Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, 41, por suspeita de participação no desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, ocorrido no domingo (5), na região do rio Itaquaí, município de Atalaia do Norte, a 1.136 Km de Manaus. A prisão temporária foi pedida pelo Poder Judiciário, juntamente com dois mandados de busca, também realizados na terça-feira, quando foram apreendidos um remo e cartuchos de arma de fogo.
Dos Santos é suspeito, juntamente com o irmão dele, Amarildo da Costa de Oliveira, que está preso temporariamente por decisão da juíza da comarca, Jacinta Silva dos Santos, após ouvi-lo em audiência de custódia. A exemplo do irmão, Dos Santos foi submetido a interrogatório ainda na terça e será levado em audiência de custódia, quando será determinado se permanece em prisão.
A Agência Pública, que cobre o caso em Atalaia, teve acesso ao momento da prisão de Dos Santos e questionou o delegado Alex Pires, da 50º DIP, responsável pela prisão, dos motivos da mesma. “Testemunhas o colocaram, junto com o irmão, no local do crime”, teria dito o delegado. “Que crime?”, questionaram os jornalistas. “Homicídio qualificado”, resposta também atribuída ao delegado. Os mandados de busca, de acordo com a Agencia Pública, foram nas residências dos dois irmãos.
A Polícia Federal, que coordena o Comitê de Crise integrado pelas diversas forças de segurança federal e estadual, comunicou à imprensa que as buscas aérea e fluvial continuaram sem que o objetivo final, encontrar os dois desaparecidos, tenha sido alcançado. Nesta quarta-feira completam 11 dias do desaparecimento dos dois.
Até o início da manhã desta quarta-feira, não foram divulgados os resultados das perícias técnicas que estão sendo realizadas em amostras colhidas em Atalaia do Norte e trazidas para Manaus para análise. A primeira amostra são resíduos de sangues e digitais encontrados no barco de Amarildo, logo após a sua detenção pela Polícia Civil, na semana passada. A outra foram “materiais orgânicos possivelmente humanos” encontrados próximos ao porto de Atalaia, segundo a Polícia Federal, que estima divulgar o resultado ainda esta semana.
Desinformação – O desaparecimento e as buscas em Atalaia do Norte têm sido alvo de informações desencontradas e de notícias não confirmadas. Foi o caso, por exemplo, da ligação feita Roberto Doring, ministro conselheiro da embaixada brasileira no Reino Unido, para a família da Dom Phillips, informando que haviam sido encontrados os corpos dos dois desaparecidos, amarrados em uma árvore. A “notícia” ganhou repercussão internacional, foi imediatamente desmentida pela PF e, na terça-feira, o governo brasileiro pediu desculpas à família.
Na terça-feira também, o Sindicato dos Jornalistas do Amazonas marcou uma reunião com o superintendente substituto da Polícia Federal, Thiago Leão, para denunciar a insegurança para os profissionais na cobertura jornalística na Amazônia. A audiência também levaria à PF uma cobrança coletiva das ações que estão sendo desenvolvidas no Vale do Javari na busca do jornalista Dom Philips e o indigenista Bruno Pereira.
Nesta quarta-feira, em Manaus, haverá uma manifestação pública cobrando respostas aos desaparecimentos e soluções para os graves problemas e ações criminosas no Vale do Rio Javari, onde predominam o tráfico de drogas e o uso predatório de recursos naturais. Os manifestantes se reúnem às 15h, nas proximidades do reservatório do Mocó e daí seguem em direção à sede da Funai. O protesto está sendo organizado pelo professor Ademir Ramos.