OPERAÇÃO JAVARI: Lideranças fazem manifestação em Atalaia cobrando respostas e defesa das terras indígenas

Nas buscas realizadas até agora foram encontrados material orgânico “possivelmente humano” e pertences dos desaparecidos. FOTOS: Divulgação/CC

DA REDAÇÃO

MANAUS – |Lideranças indígenas fizeram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (13), pedindo respostas rápidas nas investigações sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que já completa nove dias.

A manifestação das lideranças indígenas foi feita na praça de alimentação na área central da sede do município de Atalaia do Norte, onde também fica a sede da Unijava e a central do Gabinete de Crise, liderado pela Polícia Federal, que está conduzindo as buscas e investigações.

“Queremos a nossa paz. Que o nosso território seja respeitado. Porque o nosso mercado na terra, tá no lago, tá na floresta. Se tudo isso se acabar os nossos parentes isolados no mato e nas aldeias vão passar fome. Por isso que defendemos o nosso território, vamos lutar junto por um Brasil melhor”, disse o líder Kora Kanamary, líder do povo Kanamary. Ele pediu ainda o apoio das lideranças políticas locais. “Façam alguma coisa pela gente, porque nós somos guerreiros e não temos medo nenhum. Vamos continuar lutando pelos direitos dos povos indígenas”, disse.

Especulações e desmentidos – Durante o final de semana foram muitas as especulações em torno das investigações do desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira. O gabinete de crise confirma que houve coleta de materiais orgânicos – o primeiro, resíduo de sangue na lancha de Amarildo Oliveira, o Pelado, que está preso por ordem da juíza da comarca; e o segundo, material biológico supostamente humano encontrado na sexta-feira (10) durante as buscas nas proximidades do porto de Atalaia – ambos enviados a Manaus para serem submetidos à perícia. O terceiro achado, confirmado pela PF, foram os pertences de Bruno e Dom.

A Polícia Federal, no entanto, nega que tenham sido encontrados os corpos dos dois desaparecidos, como foi noticiado por diversos veículos da imprensa local e nacional, por conta de uma informação passada por autoridades brasileiras à família de Dom Phillips. Um assessor da embaixada brasileira teria dado a notícia à família.

Em nota distribuída na manhã de segunda-feira, o Comitê de Crise afirma que “não procedem as informações que estão sendo divulgadas a respeito de terem sido encontrados os corpos do Sr. Bruno Pereira e do Sr. Dom Phillips. Conforme já divulgado, foram encontrados materiais biológicos que estão sendo periciados e os pertences pessoais dos desaparecidos”.

Outra informação divulgada é de que o material colhido seria um estômago humano. Essa informação também não é confirmada pela PF, que diz que o material é “suspostamente humano”.

Violência – A cidade de Atalaia do Norte e o Vale do Javari são palco de violência. De um lado está o tráfico de drogas (cocaína) na área mais próxima à sede do município e na fronteira com o Peru. De outro lado, na região onde desapareceram o indigenista e o jornalista, está a pesca e a caça predatória, financiada por “patrões” e levada a cabo por locais, quase sempre movidos pela falta de outras oportunidades de sobrevivência. De acordo com relato local, essas pessoas ficam “escravizadas” pelas dívidas contraídas junto aos patrões que fornecem barcos, redes de pescas, armas e mantimentos.

Outros relatos também informam que Bruno havia se desligado da chefia do posto da Funai na região para se dedicar à questão ambiental e estaria treinando as lideranças indígenas do Vale do Javari para fazer o monitoramento das ações ilegais, incluindo o uso de tecnologia mais avançada. Bruno era alvo dos grupos que comandavam as ações ilegais e já vinha sofrendo ameaças.

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