O Brasil parou neste domingo (1°) para acompanhar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, que tornou-se o 39º presidente do país. A cerimônia foi destaque na imprensa nacional e internacional, por momentos como a participação popular na passagem da faixa presidencial e a promessa, feita por ele, de “reconstruir” o Brasil.
A jornalista e colunista de política da BandNews Difusora, no Amazonas, Rosiene Carvalho, que esteve na cobertura da posse em Brasília (DF), diz que o discurso de Lula no Palácio do Planalto foi um dos momentos mais esperados da posse.
“Foi um discurso muito emocionado e reforçou o compromisso com os mais vulneráveis”, comentou Rosiene. Durante a cerimônia, Lula chorou e citou casos de pessoas que passaram a procurar ossadas em açougues para comer e considerou “inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%”.
Rosiene também lembra da expectativa de toda a população em como aconteceria a entrega da faixa, já que o ex-presidente Jair Bolsonaro viajou para os Estados Unidos, recusando-se a participar do rito.
Diante disso, a equipe do cerimonial realizou um ato inédito em que cidadãos foram escolhidos para representar a diversidade do povo brasileiro, passando a faixa ao presidente Lula.
“Simbolicamente, pessoas que foram muito atacadas, nos últimos anos, nas suas vulnerabilidades, como crianças, indígenas, pessoas negras e pessoas com deficiência”, destacou a jornalista.
Entre eles, estava o cacique Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó, o menino negro, atleta e morador da periferia Francisco Carlos do Nascimento e Silva, o professor Murilo de Quadros Jesus, a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos, o influenciador digital que produz conteúdo sobre inclusão e capacitismo, Ivan Vitor Dantas Pereira, o metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues Rocha e a catadora de recicláveis Aline Sousa.
Conciliação nacional
Na avaliação do sociólogo amazonense Wilson Nogueira, o ponto principal do discurso de Lula foi a chamada para a conciliação nacional. “Ele deixou claro que o governo será para as 210 milhões de pessoas que compõem a população brasileira. E isso só se tornou mais importante, porque o governo anterior se pautava pela exclusão dos setores mais pobres da população, resultado da sua política econômica neoliberal”, apontou.
Outra questão fundamental, segundo Nogueira, é a reafirmação dos seus compromissos de campanha para o meio ambiente, Amazônia, controle das armas, eliminação da pobreza e retomada dos investimentos em educação, ciência e tecnologia, dentre outros.
Quanto à entrega da faixa, o especialista analisa que houve uma quebra na dureza do ritual e o governo passou uma mensagem clara de humanização do exercício do poder.
“Numa linguagem atual, o presidente Lula recebeu o empoderamento das mãos de representantes expressivos da sociedade, assim como determinam os princípios republicanos. Nesse ato, se sobressai a leveza e o compromisso do governante de oferecer cuidados e corrigi-los por meio de políticas públicas”, afirma o sociólogo.
Além disso, ele ainda ressalta a presença da cadelinha Resistência, adotada por Lula e sua esposa, Rosângela Silva, a Janja. Nele está o exemplo de que a sociedade precisa cuidar bem de todas as formas de vida, e não somente a humana. Afinal, os humanos apenas compartilham esse planeta com outras formas de vida.
” Bolsonaro acabou nos fazendo um grande favor. A ausência dele na entrega da faixa nos desobrigou de vê-lo e ainda permitiu com que pessoas representando a diversidade do povo brasileiro entregassem a faixa ao presidente”, disse o ex-deputado federal e advogado Marcelo Ramos, nas redes sociais.
Quem também repercutiu a posse foi o deputado estadual Sinésio Campos, do PT do Amazonas, que comentou que o evento marca o início de uma nova caminhada, com mais oportunidades e desenvolvimento para o país. “Vamos trabalhar juntos para fazer o Brasil um lugar melhor. Seguiremos na luta!”, acrescentou.
