Insegurança: Moradores denunciam furtos e invasões a casas abandonadas na área central de Manaus

De acordo com denúncias de moradores que residem na área central de Manaus, a região tem sido assolada pela sensação de insegurança devido aos recentes casos de furtos e invasões a casas abandonadas por pessoas em situação de rua. A preocupação com a violação de propriedade e o aumento da criminalidade tem gerado um clima de tensão e desconfiança na vizinhança.

Nos últimos meses, relatos de arrombamentos e roubos em residências desocupadas têm se tornado cada vez mais comuns. Os moradores, que já enfrentam desafios decorrentes da agitação urbana e da falta de segurança, agora têm lidado com um novo problema: a ocupação ilegal desses imóveis abandonados por pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Segundo a jornalista Olívia Almeida, que mora na Avenida Boulevard Álvaro Maia, Centro de Manaus, os moradores de rua estão se aproveitando das casas desocupadas para encontrar abrigo temporário. No entanto, essa busca por refúgio muitas vezes vem acompanhada de atos de vandalismo, furtos e até mesmo invasões a residências vizinhas.

“A casa ao lado e atrás da minha estão abandonadas e isso acaba causando medo, porque a qualquer momento podemos ter nossa casa invadida. Atrás da minha casa tem um galpão de uma loja antiga de materiais de construção que já foi quase todo destelhado. Enquanto da casa ao lado já levaram praticamente tudo, quebraram inclusive as portas em vidro temperado para levar o material metálico e venderem”, conta a moradora que vive no local há mais de 30 anos.

Ela denuncia que a presença da polícia na região é exporádica, o que não inibe os atos criminosos. “A gente se sente vulnerável dentro da própria casa. Qualquer barulho durante o dia tira a minha paz. Várias vezes ao dia vou checar se as portas estão trancadas”, disse.

Além disso, Olívia relata que a falta de segurança também impacta diretamente no comércio local. Pequenos empresários têm enfrentado prejuízos em decorrência dos furtos e invasões. Para ela, a presença constante de pessoas em situação de rua nas imediações dos estabelecimentos comerciais afeta a frequência de clientes e causa um sentimento de insegurança, afastando potenciais consumidores.

“Uma vizinha que sobrevive de confeitaria já teve vários itens da cozinha levados, inclusive churrasqueira. Além dela, uma padaria próxima já teve o condensador levado diversas vezes e passou a fechar as portas bem mais cedo por conta do medo de assaltos e abordagens agressivas”.

Os residentes relatam ainda que hoje em dia, não se sentem seguros nem em ficar na frente das próprias casas. Além disso, a presença dos moradores de rua nas agências bancárias acaba trazendo receio a quem precisa adentrar o local.

“Ficar em frente de casa, frequentar farmácias e bancos em determinados horários passou também a ser um transtorno. Eles abordam as pessoas e são agressivos se não conseguem o que querem”, disse Olívia.

Dados da SSP-AM

De acordo com dados do Centro Integrado de Estatística de Segurança Pública (Ciesp), da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) referentes ao ano passado, o número de registros de roubos a residências em Manaus apresentou uma redução de 38%, no período de janeiro a novembro de 2022, em comparação ao mesmo período de 2021.

O balanço aponta registros de 1.025 roubos a residências de janeiro a novembro de 2021. Em 2022, o número de registros de casos chegou a 633, representando uma redução de 38% deste tipo de crime na capital.

Ainda assim, os moradores do Centro da cidade não sentem essa estatística no local onde moram. Para Alessandra Castro, moradora há 34 anos na Rua Afonso Pena, no bairro Praça 14, os indicadores de redução desse tipo de crime não refletem a realidade da região. Além disso, ela afirma que “com o passar dos anos, o número de moradores de rua e usuários de droga tem aumentado bastante nas proximidades”.

Alessandra conta que tem receio de sair a noite, mesmo que seja por motivo de necessidade. “Eu me sinto insegura de andar a pé naquela área da Avenida Ayrão, por exemplo, mesmo que seja pra ir na drogaria próxima. Em um outro local daquela região existe um prédio abandonado invadido por vários moradores de rua e usuários de drogas”.

Diante dessa situação, as autoridades municipais têm sido cobradas para adotar medidas efetivas que garantam a segurança da vizinhança e a preservação do patrimônio público e privado. Os moradores pedem o aumento do patrulhamento policial na área, a realização de rondas mais frequentes e a implementação de projetos de reabilitação social para auxiliar as pessoas em situação de rua.

A esperança é que, em breve, a sensação de medo dê lugar a uma atmosfera de tranquilidade e segurança, permitindo que a comunidade possa viver sem receios quanto à própria vida.

A redação do Canal Três tentou contato com o comando da 24ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom) para saber sobre o policiamento feito na região, porém, não obteve respostas até o fechamento da matéria.

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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