DA REDAÇÃO
MUNDO– | Os franceses vão às urnas neste domingo, 10, escolher o seu presidente, em uma disputa que promete ser emocionante e poderá ir ao segundo turno, no dia 24. De um lado, o centrista Emannuel Macron tenta a reeleição, o que não acontece na França desde Jacques Chirac, em 2002. Ele segue liderando as pesquisas, mas as margens de vantagem têm diminuído nos últimos dias com Marine Le Pen, da extrema direita – com quem Macron já se enfrentou em 2017 – encurtando a distância na preferência do eleitorado.
E o mundo está de olho no resultado dessa eleição, porque a vitória da extrema direita poderá consolidar um movimento internacional nessa direção, iniciada com a eleição de Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2016, com reflexos no Brasil, com a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.
Diversas disputas eleitorais deste ano têm ou tiveram candidatos representantes do populismo de direita radical. Os resultados são fundamentais, por exemplo, para entender a força desse movimento no Brasil, que tem eleições marcadas para outubro próximo, em um cenário polarizado entre o atual presidente e o ex-presidente Lula. Outros candidatos, da esquerda, centro ou direita ainda tentam se viabilizar.
Além de Brasil e França, o espectro da direita radical se consolidou nas eleições deste ano na Hungria, e poderão se consolidar nos Estados Unidos e Filipinas. Na Hungria, por exemplo, onde o líder nacionalista Viktor Orbán governa como primeiro ministro há 12 anos, o seu partido Fidesz, obteve uma grande vantagem nas eleições realizadas no início de abril e, desta forma, ele segue no poder.
Na França, os Le Pen lideraram a extrema esquerda por muitos anos. Primeiro, com o pai, Jean-Marie Le Pen, e, posteriormente, com a filha, Marine Le Pen. Nesta eleição, no entanto, o jornalista Éric Zemmour, admirador de Trump, se apresentou com discurso antissistema, racista e xenófobo. Ele pode ser uma pedra no sapato de Le Pen ao dividir os votos da extrema direita e, com isso, facilitar a reeleição de Macron.
Nos EUA, dois anos após eleito presidente do país, Joe Biden terá seu Partido Democrata enfrentando uma eleição legislativa crucial para garantir sua governabilidade e o cenário pós-Trump. Uma derrota dos democratas na Câmara e no Senado deixam o campo livre para uma nova eleição de Trump, daqui a dois anos. Da mesma forma que a vitória dos Democratas poderá significar o fim dessa era.
Nas Filipinas, Rodrigo Duterte, de extrema direita, está impedido pela Constituição de disputar um novo mandato. Mas quer manter o nome Duterte no poder, com a indicação da filha dele, Sara Duterte, como vice-presidente de Ferdinand Marcos Jr., filho do ex-ditador Ferdinand Marcos. Lá, presidente e vice são eleitos separadamente.
Duterte está à frente de um governo autoritário, militarizado, marcado pela violência contra adversários e violação de direitos humanos. Ele é, formalmente, investigado pelo Tribunal Penal Internacional.
No meio de tudo isso, o Partido Socialista, de centro-esquerda, ganhou as eleições realizadas em janeiro, em Portugal, conquistando a maioria parlamentar e confirmando um novo mandato para o primeiro-ministro Antônio Costa. Um resultado considerado pelos observadores internacionais como surpreendente pela ascensão do Chega, partido de extrema direita, que saltou de 1 para 11 assentos no parlamento.
A eleição na França – No início do ano, o cenário além de trazer Macron concorrendo à reeleição e Le Pen tentando manter a hegemonia do nome familiar na direita francesa, também se colocavam no tabuleiro de xadrez, o ativista Jean-Luc Melenchon, da extrema-esquerda francesa, e o único novato da disputa, o comentarista de televisão, de extrema-direita, EricZemmour. Todos meio embolados na preferência do eleitor.
A guerra Ucrânia X Russia teve seus efeitos nessa eleição. E o aparente domínio de Macron frente à situações de extrema gravidade o colocaram na dianteira, bem distante dos demais. Mas, conforme a eleição se aproxima, os problemas internos começam a pesar novamente, e Le Pen se aproxima nas pesquisas. Aparentemente, a eleição será, novamente, polarizada entre os dois, com perspectivas de realização de segundo turno.
A votação de domingo terá 12 candidatos na disputa. Todos garantiram o apoio de 500 prefeitos ou vereadores para se credenciarem à disputa. Mas, de acordo com as pesquisas mais recentes, apenas cinco deles têm mais de 10% do apoio de eleitores. Essa não será a única eleição do ano para os franceses. Em junho eles voltam às urnas para a escolha de seus parlamentares.