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Vanessa Bayma
vanessabayma@canaltres.com.br
MANAUS (AM) – Desde o início da pandemia, em março de 2020, 52 crianças com menos de 9 anos morreram, no Amazonas, com suspeita ou confirmação de Covid-19, segundo dados do Portal da Transparência do Registro Civil. No país, foram 324 mortes, de acordo com a Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil).
Fatia da população ainda fora grupos prioritários para vacinação, as crianças de 5 a 11 anos deverão começar a ser imunizadas ainda em janeiro, conforme o Ministério da Saúde (MS), o que traz alívio para as famílias.
O assunto, entretanto, tem sido alvo de fake news e os especialistas têm atuado no combate às dúvidas que ainda persistem, reforçando para a população que a principal “arma” contra o vírus é a vacinação.
O infectologista Marcus Guerra, diretor-presidente da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), ressalta que a vacinação contra a Covid-19 é como outra qualquer e não causa doenças. Nesse momento, diz ele, é essencial e imprescindível para a manutenção da saúde das crianças. Além disso, Guerra complementa, deve coincidir com o retorno escolar presencial, oferecendo mais segurança às crianças em salas de aula.
“Covid em criança mata mais do que todas as outras doenças que são prevenidas por vacinas. É necessário saber que essa estatística existe e é comprovada. Além do mais, as síndromes respiratórias agudas e inflamatórias sistêmicas foram verificadas exatamente em crianças com Covid”, alertou.
Início da imunização
Esta semana está prevista a chegada ao Brasil de um total de 4,3 milhões de doses da vacina Pfizer para a vacinação desse grupo, segundo o Ministério da Saúde. A composição da dose infantil teve segurança e eficácia atestadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O intervalo entre a primeira e a segunda dose será de oito semanas o que, na opinião do infectologista, fica perfeito se o processo for iniciado nas próximas semanas, por causa do retorno escolar.
A vacinação no Amazonas, no entanto, ainda não tem data confirmada e depende da chegada das doses ao estado. “Se a logística for muito boa, vamos ter a população de 5 a 11 anos, que não é tão grande, vacinada. Se todos colaborarem, essa população-alvo terá um percentual significativo de vacinados, antes de iniciar o ano letivo”, observou o diretor-presidente da FMT.
Para levar os filhos para vacinar, não há exigência de apresentar prescrição médica, mas os pais ou responsáveis devem estar presentes, manifestando concordância com a imunização. O escalonamento para a vacinação contempla, inicialmente, crianças com deficiência permanente ou com comorbidades, conforme o Plano Nacional de Imunização (PNI).
O cronograma segue com indígenas e quilombolas e crianças que vivem em lar com pessoas com risco para evolução grave de Covid-19. Após esses públicos, a vacinação vai estar disponível para as crianças sem comorbidades, na seguinte ordem: entre 10 e 11 anos; entre 8 e 9 anos; 6 e 7 anos; e com 5 anos de idade.
Sobre os possíveis efeitos colaterais, o infectologista tranquiliza a população e explica que o imunizante pode dar as mesmas reações já conhecidas e que também são identificadas em outras vacinas, o que é normal. São elas: febre, dor na região, dor de cabeça etc. Na balança, apontou Marcus Guerra, é preciso colocar o risco que a criança está correndo sem a imunização e o benefício se for vacinada.
De acordo com o médico, a única diferença na vacina infantil é em comparação com o quantitativo da dose usado no adulto. Na que será usada nas crianças, a dose é de 0,2 ml e o rótulo será na cor laranja, para não causar confusão na hora da administração das doses pelos vacinadores, que em Manaus já iniciaram o treinamento on-line do Ministério da Saúde (10), nesta segunda-feira.
Ano letivo na rede estadual
A caderneta com vacinação em dia não só mostra o cuidado com o filho, mas é uma exigência na hora da matrícula escolar na rede estadual de ensino no Amazonas.
De acordo com a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc), a matrícula do ano letivo 2022 já iniciou, com a exigência de vários documentos pessoais, incluindo a caderneta, e começando pelo grupo de crianças com deficiência – o primeiro, inclusive, a ser contemplado com a vacina conforme o PNI.
A Seduc informou, no entanto, que ainda não tem nenhuma informação se em algum momento a comprovação da vacina contra Covid-19 deverá ser exigida em 2022.
Em nota, o órgão esclareceu que as demandas sobre vacinação e ações de combate contra o coronavírus são definidas por meio do Comitê de Enfrentamento à Covid-19 do Governo do Amazonas. E que, até o momento, não existe nenhuma novidade em relação ao tema. O Governo do Amazonas ainda não respondeu ao questionamento sobre o assunto.