ERASMO CARLOS: Morre o Tremendão, amigo de fé e que manteve a fama de bom

O cantor esteve internado há cerca de um mês, voltou para casa e, nesta madrugada, voltou ao hospital, onde faleceu. FOTO: Reprodução.

Jacira Oliveira

MANAUS – |Nos primórdios de sua carreira, Erasmo Carlos cantava que tinha que manter a fama de mau, mas o que ele manteve, mesmo, foi a fama de bom moço, homem gentil, amigo de fé, camarada, o gigante gentil. Erasmo Carlos morreu na manhã desta terça-feira (22), depois de enfrentar um câncer – que ele comemorou como vencido – e de ser internado, por duas semanas, no final do mês de outubro, o que deu margem para muitas informações truncadas. No dia 2 de novembro, dia dos finados, o próprio Erasmo foi para as redes sociais ironizar o anúncio da sua morte: “No dia dos finados, estou de volta ao mundo dos vivos”.

Erasmo foi um dos artistas mais longevos da história da música brasileira, fazendo parte deste mundo desde o final dos anos 50. A banda The Sputiniks foi o início de tudo, ao lado de Roberto Carlos, Tim Maia (com quem aprendeu a tocar violão), Arlênio Lívio e Wellington Oliveira. Ficou nacionalmente famoso nos anos 60, juntamente com o movimento Jovem Guarda.

Longevo e fértil. É dele a autoria de mais de 500 músicas que enriqueceram o repertório de Roberto Carlos e outros nomes da Jovem Guarda e do rock nacional. Ele próprio deu voz a muitas dessas produções.

Muito além disso, Erasmo foi dos primeiros artistas brasileiros a se manifestar em letra e música, sobre a suposta superioridade masculina. Com “Sexo Frágil” e “Mesmo que seja eu”, ele trouxe uma nuance de luz sobre a força da mulher (Mulher, mulher, na escola em que você foi ensinada, jamais tirei um dez…) e o seu direito à liberdade sexual, com uma letra cheia de ironia (Filosofia e poesia, já dizia minha avó, antes mal acompanhada do que só).

Capa do Álbum recentemente premiado no Grammy Latino.

Erasmo não foi só músico e compositor, também atuou em filmes nacionais e, há cinco dias, ganhou o Grammy Latino 2022, na categoria Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa com “O futuro pertence à… Jovem Guarda”, que inclui oito músicas do período, mas inéditas na sua voz. Ele também ganhou um Grammy Latino em 2014, com o disco “Gigante Gentil”, nome com o qual ficou conhecido no mundo artístico, pelo seu tamanho e sua gentileza. Em 2018, Erasmo recebeu o Prêmio à Excelência Musical, também no Grammy Latino.

Família – Erasmo teve três filhos de seu casamento com Narinha, falecida em 1995. Um deles, Alexandre Pessoal, morreu em 2014 em um acidente de moto. O segundo filho de Erasmo Carlos é Gil Eduardo. O rapaz é baterista e já fez parte do grupo Blues Etílicos, banda brasileira que surgiu no Rio de Janeiro, na década de 80. O filho caçula é Leonardo Esteves, responsável pela administração dos negócios de Erasmo e também da gravadora Coqueiro Verde. Ele já foi questionado se não pretendia seguir carreira musical, mas declarou que nunca cogitou essa possibilidade. Ele também é um dos que mais fala com a imprensa, principalmente em relação à carreira do cantor.

Repercussão – A morte do cantor brasileiro comoveu muitos famosos, entre artistas, esportistas, jornalistas e até o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva lamentaram o ocorrido, todos destacando a importância de Erasmo para a música brasileira.
Veja algumas das manifestações:

Jacira Oliveira
Jacira Oliveira
Jacira Oliveira é jornalista, tendo atuado em redação dos principais grupos de comunicação do Amazonas além de assessorias de comunicação de instituições federais, estaduais e municipais. É graduada em Ciência Política e está concluindo a pós-graduação também em Ciência Política.

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