DA REDAÇÃO
MANAUS – | Que a pandemia mudou a vida de todos nós, não resta a menor dúvida. Mas, há uma mudança profunda no mercado de trabalho que está sendo analisada por especialistas em busca de respostas. O que fazer para reposicionar os trabalhadores e também receber a multidão de jovens que está em busca de emprego? Pesquisadores e analistas do Banco Mundial se aprofundaram na questão e apresentam os Cursos Superiores de Curta Duração como resposta para suprir essa demanda pós-pandemia, de acordo com o relatório ‘A Via Expressa para as Novas Competências’, publicado no início deste ano.
O que se sabe é que a pandemia gerou crise econômica, queda de produção, desemprego e elevou os números da pobreza. No Brasil, a oferta de emprego caiu em 36% e há, aproximadamente, 13 milhões de pessoas em busca de trabalho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad).
A mesma pesquisa aponta queda de 11,1% nos rendimentos do trabalhador, o menor desde 2012. Há, aproximadamente, 14 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza que, somados aos que estão na linha de pobreza, representam 25% da população total do Brasil, ou seja, aproximadamente 52,7 milhões de pessoas. No Amazonas, de acordo com o IBGE, 505 mil pessoas se encontram em extrema pobreza e 1,79 milhão em estado de pobreza, representando mais de 50% da população total.
“É um choque severo e sem precedentes. A pandemia destruiu empregos e empresas”, diz o relatório, que aponta a tendência mundial de máquinas e plataformas substituindo os trabalhadores e pessoas com habilidades analíticas se saindo bem nesse novo mercado, uma tendência que já vinha se confirmando antes da pandemia, mas que ganhou relevância nos dois últimos anos. “Já está claro que a pandemia trouxe mudanças irreversíveis para os mercados de trabalho”, reafirma.
Portanto, na visão dos analistas, investir em habilidades para os empregos do futuro se tornou uma questão crítica e urgente. “Agregar novas competências e requalificar a população será fundamental, não apenas para a recuperação e transformação econômica, mas também em termos de equidade e inclusão”, indica o relatório.
A saída, na avaliação dos analistas, está nos Cursos Superiores de Curta Duração (CSCD), pois têm foco claro nos mercados de trabalho e em ajudar os alunos a conseguir empregos. “Uma grande vantagem desses cursos é o desenvolvimento de capital humano qualificado em apenas dois ou três anos”, aponta o relatório. Para os analistas, há evidências que esses cursos oferecem bons resultados acadêmicos e no mercado de trabalho e seus provedores respondem com agilidade às necessidades do mercado.
No entanto, os próprios analistas apontam problemas nessa direção: esses cursos, muitas vezes são deixados de lado por formuladores de políticas públicas e embora nem todos os CSCDs tenham o mesmo nível de qualidade, uma política clara e vigorosa pode mitigar as deficiências dos CSCDs e ajudá-los a cumprir sua promessa.
No Brasil, os CSCDs são vinculados ao Ministério da Educação, que autoriza a abertura de cursos e assegura sua garantia de qualidade (credenciamento). Aqui são mais conhecidos como cursos tecnólogos mas, como qualquer ensino superior, dá acesso à pós-graduação chegando, inclusive, ao doutorado.
De acordo com o último Censo do Ensino Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo MEC, mais de 8,6 milhões de pessoas fizeram suas matrículas em cursos de nível superior em 2020 e 1,2 milhão concluíram seus cursos esse ano. A pesquisa também revelou que existem 2.457 instituições de educação superior no país, 87% delas privadas.