Com taxa de desemprego em alta, mulheres recuperam participação no empreendedorismo

Investir em conhecimento e buscar apoio técnico são ferramentas importantes para a mulher empreendedora. Foto: Divulgação

DA REDAÇÃO

MANAUS – | A pandemia de Covid-19 bateu forte no universo feminino, com recorde na taxa de desemprego (16,45% em 2021 e 16,25% em 2020), o pior resultado desde 2012, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas. Muito acima da média nacional (13,20%) e da taxa de desemprego masculina (10,71%). De outro lado, o empreendedorismo feminino, que apresentou queda no primeiro ano da pandemia, deu sinais de recuperação, voltando ao patamar de 2019.

Ou seja, depois do susto inicial, as mulheres voltaram a estar à frente de 10,1 milhões de negócios, respondendo por 34% do empreendedorismo no país, de acordo com estudo publicado esta semana pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc). O Amazonas, infelizmente, conta com apenas 2% desse universo.

A vontade de conquistar a independência financeira foi o que motivou a ex-comissária de bordo, Bárbara Guerreiro, 28, a montar seu próprio negócio. No início, ela abriu uma MEI para tentar ganhar um extra e, aproveitando suas viagens de trabalho, comprava artigos para vender em Manaus. Enquanto isso, o marido dela, Fábio, era sócio de uma cafeteria, onde aprendeu todos os processos do negócio, desde o atendimento, trabalhando como barista, até os processos administrativos. Quando a cafeteria fechou, o casal viu a grande oportunidade de ter sua própria cafeteria.

“Era um mundo totalmente diferente do que eu estava acostumada. Montamos um plano de negócios, estudamos o mercado, fornecedores, espaços para locação, e conseguimos ir em frente”, diz Bárbara. “Montamos do zero, e no início foi muito desafiador porque não tínhamos tantos recursos. A obra custou mais do que esperávamos. Precisamos realmente investir”, conta.

Bárbara contou com o apoio do Sebrae-AM. “Eles abriram as portas para mim, pois não sabia nem para onde ir. Fiz alguns cursos na plataforma, imersão e, principalmente, atendimento. Tive também muita ajuda, na contabilidade”, afirma.

Hoje, vendo o seu negócio prosperar e acumulando suas atividades de empresária com a de mãe, ela se sente plenamente realizada. “Me encontrei na vida de empreendedora, porque é desafiador, todos os dias”, afirma, apontando também que conta com uma estrutura familiar de apoio. “Aqui todos se ajudam. A maternidade é puxada por um lado e por outro uma inspiração para progredir. E na nossa família todos se ajudam, para que dê tudo certo”. Nossa cafeteria é inovadora, mas também tem essa essência de ambiente familiar, proporciona aconchego e atendimento de excelência”, comemora Bárbara, que conta com duas colaboradoras no seu empreendimento.

Cartonagem e kits de presente movimento pequeno negócio. Foto: Divulgação

Brenda Camila Venâncio Pereira, 30, é uma das mulheres empreendedoras de Manaus. Formada em Gestão de Recursos Humanos e com uma tentativa de graduação em contabilidade, muito cedo, ela percebeu que não queria ser empregada. Teve uma única experiência de carteira assinada, dos 18 aos 20 anos. “Mas, nesse trabalho, percebi que queria algo mais”, disse.

Ela conta que a vida de empreendedora começou com a venda de sorvetes. Chegou a ter três sorveteiras, mas como muitos negócios, quebrou. Passou para a venda de dindim nas feiras, depois tentou a venda de roupas, sem sucesso. “Foi quando meu irmão e eu decidimos vender quadros decorativos e, dessa iniciativa, nasceu o negócio que mantemos hoje, a produção de caixas e embalagens e kits para presentes”, conta.

A evolução do negócio começou no Dia das Mães do ano passado, quando os dois irmãos tiveram a ideia de fazer kits para presentes. “Aí percebi que era o que eu gostava de fazer”, conta. “Estudei muito o mercado de cartonagem para poder seguir no negócio e contei com muita ajuda do Sebrae-Am. As palestras me ajudam muito”, afirmou.

O empreendimento de Brena é uma Microempresa Individual (MEI) com característica de empresa familiar – ela conta com a ajuda da mãe e do irmão para produzir as caixas e fazer os kits, que têm o seu ponto forte de vendas nas datas comemorativas, como ocorreu no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

Rede de Incentivo
De acordo com a coordenadora geral do Projeto Empreendedorismo Feminino do Sebrae Amazonas, Amina Pontes Barbosa, o potencial do empreendedorismo feminino ganha força a cada dia, principalmente pelas redes de incentivo e apoio. “No Sebrae temos um programa que tem por objetivo aumentar a competitividade de empreendimentos liderados por mulheres”, explica.

Ela diz que as mulheres empreendedoras têm como perfil maior grau de escolaridade, são mais jovens que os homens, empregam menos e têm estrutura de negócios mais simples, trabalhando especialmente no setor de serviços. “Seus negócios têm pouca inovação e menor valor agregado e isso impacta no faturamento”, conclui.

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