REDAÇÃO
MANAUS – |Um dos fundadores da Família do Norte (FND), que já foi considerado o terceiro maior grupo de crime organizado do país, Gelson Lima Carnaúba, o Mano G, e outros dois envolvidos na primeira chacina do Compaj, em 2002, Marcos Paulo da Cruz e Francisco Álvaro Pereira, foram julgados pela 2ª Vara do Tribunal de Júri, de Manaus, que terminou nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (28). Mano G foi condenado a 48 anos e Marcos Paulo a 32 anos em regime fechado. Francisco Álvaro foi absolvido.
Os réus Gelson Lima Carnaúba e Marcos Paulo da Cruz eram acusados da morte de 11 detentos e um agente penitenciário, no dia 25 de maio de 2002, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Mano G foi condenado por nove homicídios qualificados e Marcos Paulo da Cruz foi condenado por oito homicídios qualificados.
O Ministério Público, por meio do promotor José Augusto Palheta Taveira, que atuou no caso, não ficou satisfeito com a sentença e anunciou, ao final do julgamento, que iria recorrer para ampliar a pena aplicada aos réus.
Mano G já havia sido condenado, em 2011, a 120 anos de prisão por esses crimes, mas a sentença foi anulada, em 2015, após vários recursos da defesa, com argumentação de quebra de inviolabilidade do júri. Para conseguir a anulação, foi anexado ao recurso uma foto que mostrava um dos jurados falando com uma pessoa estranha ao júri.
O julgamento da Ação Penal n.º 0032068-47.2002.8.04.0001 começou na segunda-feira (26/09) pela manhã e foi encerrado às 5h30 desta quarta-feira. A Sessão foi presidida pelo Juiz de direito Rosberg de Souza Crozara. O Ministério Público esteve representado pelos promotores de justiça José Augusto Palheta Taveira e Lilian Nara Pinheiro de Almeida.
O réu Gelson Lima Carnauba teve em sua defesa o advogado Ercio Quaresma Firpe. O réu Francisco Álvaro Pereira foi defendido em plenário pelo advogado José Maurício Neville Junior. O defensor público Lucas Matos atuou na defesa de Marcos Paulo da Cruz.
A Chacina do Compaj – A chacina ocorreu no dia 25 de maio de 2002, como resultado da primeira rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, que durou 13h e resultou em 12 mortes, entre elas 11 presos e 1 agente penitenciário. Um dos líderes do motim foi Mano G que, quatro anos depois, fundaria, ao lado de José Roberto Fernandes Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, o grupo criminoso Família do Norte.
De acordo com o Relatório Anual da Justiça Global de 2002, a rebelião teve como motivo a morte de um detento. Os amotinados usaram diversas armas entre revólveres, facas e martelos. A investigação do MP indicou que a rebelião foi para acertos de contas entre presos inimigos.
Nove anos depois, Mano G foi a julgamento e foi condenado junto com outros dois acusados. Os mesmos que foram a Júri neste novo julgamento – todos condenados a penas entre 120 e 132 anos.