Casos de febre maculosa geram alerta para quem viajar para área rural no Sul e Sudeste

Por não ser uma área endêmica para o carrapato-estrela, vetor da Febre Maculosa, o Amazonas não tem registros de casos da doença. Porém, quem precisa viajar para outros estados, principalmente as regiões rurais, precisa tomar certos cuidados.

As autoridades de saúde do Brasil demonstram preocupação com a Febre Maculosa porque, nos últimos dias, quatro pessoas que estiveram em uma mesma festa morreram em decorrência da doença. Todas estavam em uma fazenda de Campinas, São Paulo.

Quando infectado pela bactéria Rickettsia rickettsii, o carrapato-estrela pode transmitir a doença de forma grave e até mesmo fatal, se não for tratada precocemente.

O gerente de Zoonoses no Departamento de Vigilância Ambiental (DVA) da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), Deugles Cardoso, esclarece que o contágio pela doença é mais comum entre pessoas que vivem em áreas rurais ou que tenham contato direto com animais equídeos, bovinos e animais silvestres, como por exemplo, capivaras. Além destes, animais domésticos, como cães e gatos também podem ser hospedeiros deste tipo de carrapato.

“Quando for constatada a presença de um carrapato fixado na pele de uma pessoa ou nesses animais, é importante nunca entrar em contato direto para extrair o carrapato, ou seja, estar com as mãos desprotegidas. É preciso utilizar luvas e, com a ajuda de uma pinça, depositar o carrapato no álcool para que ele morra, realizando o descarte adequado deste agente transmissor”, explica.

Além disso, é necessário seguir algumas orientações para evitar o contato com o carrapato quando estiver em um local de contágio, como fazer o uso de calças compridas.

Deugles Cardoso disse que existem dois perfis ecoepidemiológicos associados às bactérias e eles se concentram no Sul e Sudeste, principalmente. Por isso, é raro o registro de caso/óbitos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

O profissional também explica que a doença não é contagiosa, o que significa que ela não pode ser transmitida de uma pessoa para outra, nem de animais para pessoas. Ainda assim, a autoridade de saúde alerta sobre as medidas para conter a disseminação da doença.

“A transmissão da doença ocorre quando o carrapato infectado pela bactéria se fixa na pele da pessoa. De 6 a 12h depois do parasitismo, ele já consegue contaminar o humano”, explica.

Além disso, após o contágio, o período de encubação média dos pacientes infectados varia de dois a 14 dias, dependendo da evolução do quadro.

Deugles Cardoso ressalta ainda que a febre maculosa afeta principalmente as células dos vasos sanguíneos, levando a sintomas como febre alta, dores de cabeça intensas, calafrios, dores musculares e erupções cutâneas características, que geralmente aparecem no terceiro ou quarto dia após a picada do carrapato infectado. Se não for tratada prontamente, a doença pode levar a complicações graves, como insuficiência renal, insuficiência respiratória e problemas neurológicos.

Tratamento

O tratamento para a febre maculosa é realizado com antibiótico específico, segundo o Ministério da Saúde. Para isso, é necessário que se busque atendimento médico assim que surgirem os primeiros sintomas. Em alguns casos pode ser necessário internação.

A falta ou demora no tratamento da doença pode agravar o caso, levando à morte. E a recomendação para o uso do antibiótico é feita mesmo antes de sair o resultado do teste da doença.

Registro de mortes pela doença no Brasil

Segundo dados do Ministério da Saúde, 753 pessoas morreram por febre maculosa no Brasil entre 2012 e 2022. Os números apontam que o país teve 2.157 casos confirmados ao longo dos 10 anos, 36% deles registrados somente em São Paulo. Considerando apenas as mortes, municípios paulistas concentraram 62% do total (467 óbitos).

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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