’Boom’ de crescimento do mercado da tatuagem traz alerta para quem deseja usufruir do serviço com segurança

Em 2020, foram abertas 70 empresas de tatuagem. Foto: Arquivo Pessoal/Louise Assem

Geizyara Brandão

geizyarabrandao@canaltres.com

MANAUS – | No Amazonas, houve um aumento de 35,7% no número de registros de empresas de tatuagem em 2021 em comparação a 2020, conforme dados da Junta Comercial do Estado do Amazonas (Jucea-AM). Apesar do crescimento do serviço, é necessário ficar alerta às condições que os estúdios operam.

Em 2020, foram abertas 70 empresas relacionadas à tatuagem, enquanto que em 2021 esse número saltou para 95. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), uma tatuagem pequena custa em média R$ 150 a R$ 250, dependendo da sua complexidade. Um profissional bem conceituado, que realiza mais de cinco sessões por dia, pode fazer um salário de até R$ 6 mil por mês.

No entanto, não há uma regulamentação acerca da profissão de tatuador no país, apenas deve-se observar os critérios para o funcionamento dos estúdios de tatuagem, conforme as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a fim de evitar acidentes e contaminações.

O tatuador Markito Affonso afirma que atualmente existem muitos estúdios nas principais vias de Manaus, já que a profissão não é regulamentada e há uma facilidade de adquirir kits para iniciantes, assim como cursos online.

“Infelizmente, muitos profissionais fizeram curso on-line ou viram no YouTube, que não precisa pagar, compram kits baratos, se juntam com outro tatuador que também está começando e abrem a loja. Eles não têm técnica, não têm conhecimento histórico, não tem respeito pelos tatuadores antigos. O negócio de alguns deles é ganhar dinheiro e nenhum deles ganha menos de R$ 5 mil por mês”, explicou, destacando que não são todos que agem assim.

Para Markito, os programas televisivos sobre tatuagem ajudaram a popularizar a arte no Brasil, porém também trouxeram consequências como ser tratada com banalidade.

Markito Affonso atua na área há quase 20 anos. Foto: Arquivo Pessoal/Markito Affonso

Recomendações

A população precisa estar atenta às orientações que devem ser seguidas pelo estúdio de tatuagem, como: possuir alvará/licença sanitária, uso correto dos materiais com realização de esterilização e descarte, utilização de tintas permitidas pela Anvisa, além da estrutura do espaço com atendimento individualizado.

Para auxiliar na escolha de um local seguro e confiável, a Anvisa lançou o manual de “Referência Técnica para o Funcionamento dos Serviços de Tatuagem e Piercing”, em 2009.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), a vigilância sanitária local é o órgão responsável por checar as condições de serviço e deve ser consultada em caso de dúvidas com relação ao trabalho prestado pelos estúdios de tatuagem.

Carreira

Natural de Benjamin Constant, no interior do Amazonas, Markito Affonso trocou a carreira militar pela arte da tatuagem há quase 20 anos. O tatuador se especializou em trabalhos que retratam a cultura amazônica e, após participar de uma convenção em Amsterdam, conseguiu abrir portas e já visitou 10 países. Até o início da pandemia da Covid-19, ele estava morando na Europa e ultimamente em Portugal.

“O tempo que morei na Europa, minha evolução técnica e artística teve um salto gigantesco. Só que éramos apenas eu, minha esposa e minhas filhas, não tínhamos ninguém para dar o suporte caso a gente passasse alguma necessidade, mas graças a Deus a gente não passou até a pandemia”, relatou.

Um dos trabalhos do tatuador Markito. Foto: Arquivo Pessoal/Markitto Affonso

Com as restrições de Portugal, Markito e a família retornaram para Manaus em dezembro de 2020. “Eu anunciei que iria voltar para Manaus e minha agenda encheu por três meses, todos estavam pagando sinal e agendando horário. Cheguei dia 19 de dezembro e dia 20 comecei a tatuar e não parei mais”, disse.

De acordo com o tatuador, diante da segunda onda da Covid-19 no Amazonas, ele conversou com os clientes e montou protocolos de segurança para aqueles que gostariam de continuar fazendo tatuagens.

“Escolhemos a dedo quais clientes atender, alguns quiseram remarcar, porém não deu para passarmos necessidade”, enfatizou.

Público Feminino

Louise Assem era micropigmentadora até que um amigo a apresentou ao mundo da tatuagem, foi quando começou a buscar conhecimento na área, fazer workshops com tatuadores mais velhos e mais experientes. Segundo ela, que atua há dois anos, para ser tatuador é preciso prática e estudo.

“Faço muito floral, que é o que as pessoas mais procuram aqui em Manaus. Eu trabalho com o público feminino. Também atendo rapazes, mas o meu público é feminino. Normalmente as meninas acabam me procurando mais”, afirmou.

Tatuagem realizada por Louise Assem. Foto: Reprodução

A tatuadora comentou que, mesmo com a pandemia, a procura aumentou. “Teve uma procura muito grande, talvez pelo fato de as pessoas estarem em casa. Porém, o atendimento estava mais restrito. No início da pandemia, a maioria dos estúdios fechou e eu também. Apenas quando os locais começaram a reabrir, voltei a atender, mas reduzindo o quantitativo de clientes por dia, assim como os demais tatuadores fizeram”, expôs.

Apaixonadas por tatuagem

Becky coleciona 13 tatuagens. Foto: Arquivo Pessoal/Becky Brenlla

A universitária Becky Brenlla, 21, fez a primeira tatuagem com 18 anos e atualmente possui 13. “Eu sempre prestava mais atenção em pessoas que tinham tatuagens do que em pessoas que não tinham, sempre achei interessante. Eu comecei a pesquisar e procurar tatuagens que tinham a ver comigo e comecei fazendo aos poucos, mas logo me apaixonei e não parei mais”, disse.

Para a jovem, se tatuar é “um caminho sem volta”. Desde o início da pandemia, fez oito desenhos.

“A questão do Covid-19 não me deixou com medo, pois eu fui quando já estava me sentindo segura para realizar as tatuagens e com profissionais de qualidade”, enfatizou.

A jornalista amazonense Nathane Dovale, que mora em Porto Alegre, também esperou a redução dos casos para voltar aos estúdios de tatuagem, seguindo os protocolos de segurança.

Nathane aproveitou a viagem, no início do mês, para Manaus, e fez cinco das dez tatuagens que possui. “Sempre curti muito artes, no geral. Achava interessante poder ter ‘desenhos’ pelo corpo. Tinha tido umas ideias de desenhos para tatuagens, mas era muito nova e minha mãe não deixava. Quando completei 25 eu fiz a minha primeira”, explicou.

A jornalista Nathane Dovale fez cinco tatuagens durante viagem a Manaus. Foto: Arquivo Pessoal/Nathane Dovale
Geizyara Brandão
Geizyara Brandão
Jornalista há dez anos, passou por redações de impresso, portal, TV, além de assessoria de imprensa. Formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com pós-graduação em Assessoria e Mídias Digitais pela Faculdade Boas Novas.

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