Vanessa Bayma
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MANAUS (AM) – Dois brincos confeccionados para um concurso da graduação em Moda, da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em 2017, foram os responsáveis pelo sucesso da marca Otília, da amazonense Carol Otília Costa. Após perder o emprego durante a pandemia, a estilista retomou a ideia de comercializar os acessórios, que a ajudaram na competição, e que atualmente são uns dos queridinhos das clientes no eixo Manaus-São Paulo.
Como quase todo estudante de moda, a estilista pensava em trabalhar diretamente com roupas, estava acabando a faculdade e já trabalhava na revista Elle. Nos planos, curso de modelagem plana, feito em Londres, na University of the Arts London. Anos depois, ainda morando em São Paulo e decidida a trabalhar na parte de estilo, com a criação de roupas, Carol foi para uma marca estrangeira que infelizmente fechou as portas em março, no pico da Covid-19.
“A ideia dos brincos surgiu de uma hora para outra, na pandemia. Não tinha marca contratando e pensei em fazer algo para complementar a minha renda, feito de casa. Lembrei dos brincos, que as pessoas já queriam desde o concurso”, explicou Carol, que naquele ano da competição, em 2017, ficou em segundo lugar pelo júri técnico e, à época, os brincos “Mischa” e “Olga” já tinham sido elogiados. “Eles foram um diferencial na minha coleção. Depois do desfile já tinha gente querendo comprar”, lembra ela.
Durante o ano de 2020, como as empresas de moda não estavam contratando e o país vivia o isolamento social, a venda dos brincos seria apenas provisória, até que ela encontrasse um emprego de novo na área de criação. A marca, no entanto, fez sucesso rápido, primeiramente em Manaus, onde mora a família e amigos, conseguindo esgotar rapidamente a cada novo lançamento. De São Paulo para a capital amazonense, ela enviava os produtos ou quando visitava à terra natal.
“Só quando realmente eu tinha lançado foi que resolvi virar marca. A princípio, fiz pouquíssimas peças que achei que fosse vender só para algumas amigas e conhecidas. Nunca achei que meu nome ia ficar tão conhecido, as peças tão desejadas, e foi uma boa surpresa. Tenho gostado de trabalhar com acessórios e consigo implementar a modelagem que eu queria trabalhar nas roupas, nos modelos”, diz ela, animada.
Das criações estão um único bracelete, Sabine, e os brincos Gaia, Olga, Íris, Nadia, Mischa, Stella, Celeste, Pietra e Aurora – todos nomes curtos, de mulheres, assim como Otília, que era o nome de sua avó. Conhecida inclusive pelo segundo nome, a estilista revela que esses nomes, todos mais “vintage”, são propositais e revelam a proposta da marca.
“Eu gosto de fazer esse mix do moderno com vintage. Gosto de trazer isso para o Instagram, para as fotos que eu posto com as peças, as colagens feitas com papeis mais antigos e fotos com efeito analógico. Esse ano fiz um brinco que queria muito produzir, com essa cara vintage. Eu quero que a marca sempre tenha essa pegada de mistura, do novo com o antigo, algo que você só acharia se fosse ao brechó”. Feito em forma de concha, o brinco foi o Pietra. No Instagram, uma das imagens com ele é uma colagem sobre a foto de Twiggy, modelo considerada um ícone fashion da década de 60.
Além da inspiração mais antiga, Otília se diz uma amante da tecnologia e vive no celular fazendo pesquisas sobre tudo. Arte, arquitetura, design, moda, tudo serve de ideia para a composição das peças. Uma das características principais são as curvas e linhas diferentes das bijuterias, feitas em banho dourado ou ródio.
Para Otília, o maior grupo que usa a marca é de mulheres entre 25 e 40 anos, que sempre estão em busca de modernidade e de um acessório que traga informação para a roupa que está usando, mesmo que seja um simples jeans e uma camisa branca, por exemplo. “A minha cliente é jovem e as mais velhas são mulheres com a alma jovem. Elas gostam de sair, de acessórios que chamem atenção, não são muito clássicas e nem muito discretas”, apontou.
Como a marca busca o conceito “slow fashion”, onde é priorizado a forma artesanal de se fazer a peça e o tempo necessário, Otília explica que não consegue produzir em larga escala, até porque não é sua ideia, além da equipe que a ajuda ser pequena. Esse mês, apesar de ter feito uma produção maior para conseguir suprir todos os pedidos e ter um mínimo de estoque, os últimos brincos lançados acabaram rapidamente, assim como a reposição de outros modelos. No site (shopotilia.com.br), apenas um par, do Gaia.
Para 2022, ela pretende fazer uma reposição dos produtos vendidos recentemente, antes do lançamento de novos modelos, cuja ideias já foram colocadas em prática, para a ansiedade das consumidoras, as “otiliers” da internet. “Comecinho de fevereiro pretendo fazer coisas novas, umas três peças. Mas, se não conseguir, tudo bem, porque acredito que não foge do conceito da marca, que é de poucos lançamentos”.