Segundo as Nações Unidas, a falta de acesso à saúde causa aumento de mortes maternas no Brasil e no mundo

No Brasil, 90% das mortes maternas seriam evitáveis

Problemas como hipertensão, sangramento e infecções relacionadas à gravidez, além de complicações em decorrência de aborto são relativamente comuns durante o período de gestação, porém, a falta de atenção primária e dificuldade de acesso aos serviços básicos de saúde no Brasil, agravam e causam mortes maternas que poderiam ser evitadas e tratáveis.

Em 2021, 110 mulheres morreram entre a gravidez e o puerpério para cada 100.000 nascidos vivos, o mesmo nível de 1998. Nesse caso, o Brasil recuou 25 anos nesse indicador. Segundo o Ministério da Saúde, esse número é quase o dobro do registrado em 2019. Infelizmente, a pandemia retardou ainda mais o progresso na saúde materna.

A queda nos índices de contaminação de Covid-19, devido à vacinação, teve efeito positivo na mortalidade de gestantes e puérperas, mas persistem as deficiências na assistência obstétrica que antecederam o coronavírus. E o Brasil continua longe da meta estabelecida pelo acordo internacional de 30 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Um relatório do Ministério da Saúde alerta que há 95% de chance de o país não cumprir a meta.

Em 2015, a Razão de Mortalidade Materna (RMM) foi estimada em 62 óbitos por 100.000 nascidos vivos. No dia 28 de maio de 2018, em reunião da Comissão Nacional de combate à Mortalidade Materna e lançamento da Semana Nacional de Mobilização pela Saúde das Mulheres, o Ministério da Saúde assumiu a meta internacional de redução de 51,7% da RMM até 2030, que corresponde a 30 mortes maternas por 100.000 nascidos vivos.

Por que as mulheres morrem?

As mulheres morrem por conta de complicações durante e após a gravidez e o parto. A maioria das enfermidades se desenvolve durante a gravidez e pode ser evitável ou tratável. As principais complicações que representam quase 75% de todas as mortes maternas são:
• sangramento grave (principalmente após o parto);
• infecções (geralmente após o parto);
• hipertensão arterial durante a gravidez (pré-eclâmpsia e eclâmpsia);
• complicações do parto; e
• aborto inseguro.

Mortalidade materna no mundo

A cada dois minutos, uma mulher morre durante a gravidez ou o parto, de acordo com as últimas estimativas divulgadas no relatório Tendências na Mortalidade Materna 2000 a 2020 das Nações Unidas. O relatório revela reveses alarmantes para a saúde das mulheres nos últimos anos, já que as mortes maternas aumentaram ou estagnaram em quase todas as regiões do mundo. O documento apresenta dados nacionais, regionais e globais de mortes maternas entre os anos de 2000 a 2020. Estima-se que 287.000 mortes maternas ocorreram em todo o mundo em 2020.

No total, as mortes maternas estão amplamente concentradas nas partes mais pobres do mundo e em países afetados por conflitos. Em 2020, aproximadamente 70% de todas as mortes maternas ocorreram na África Subsaariana. Em nove países que enfrentam graves crises humanitárias, a mortalidade materna foi mais que o dobro da média mundial (551 mortes maternas por 100.000 nascimentos em comparação com 223 globalmente).

Cerca de um terço das mulheres não fazem nem quatro das oito consultas pré-natais recomendadas ou não recebem os cuidados pós-parto necessários, enquanto cerca de 270 milhões de mulheres não têm acesso a métodos modernos de planejamento reprodutivo. Exercer controle sobre sua saúde reprodutiva é essencial para garantir que as mulheres possam planejar suas gestações, bem como para proteger sua saúde. Desigualdades relacionadas a renda, educação, raça ou etnia aumentam ainda mais os riscos para mulheres grávidas marginalizadas, que têm menos acesso a cuidados maternos básicos, mas são mais propensas a apresentar problemas de saúde durante a gravidez.

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e Nações unidas
Relatório das Nações Unidas: https://www.who.int/publications/i/item/9789240068759

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