Plástico, o vilão do século XXI

Marcellus Campêlo

Estudo inédito realizado pela consultoria Ex Ante, sob encomenda da Organização Não Governamental (ONG) Oceana, aponta que o consumo de itens plásticos descartáveis aumentou 46%, entre 2019 e 2021, no país. Saiu de 17,16 mil toneladas para 25,13 mil, crescimento creditado ao período de isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19.

Sem poder sair de casa, foi preciso apelar para os serviços de delivery de alimentos, segmento que se expandiu no período, alavancando, junto com ele, o consumo de plástico usado para as embalagens das refeições. Só no ano passado, foram consumidas 68 toneladas de itens plásticos descartáveis por dia, no Brasil, o equivalente a 2,8 toneladas por hora.

O estudo, denominado “O mercado de delivery de refeições e a poluição plástica”, divulgado recentemente, mostra que os setores de alimentação e hotelaria demandaram um total de 154,1 mil toneladas de embalagens de plástico por ano, entre 2018 e 2021. E mais seis mil toneladas por ano de canudos, copos, pratos e talheres de plástico.

O grande problema, que faz acender o sinal de alerta para os efeitos nocivos que isso causará ao planeta, é que a maior parte do plástico de delivery é de uso único, não reciclável e nem biodegradável. São resíduos que não têm interesse para o mercado de reciclagem. Viram lixo, causando poluição e sérios riscos ao meio ambiente.

Estima-se que todos os anos 13 milhões de toneladas de lixo plástico são despejadas na natureza. E, veja, apenas 9% de todo o plástico produzido é reciclado.

Por esses e outros indicadores é que o plástico é, hoje, um dos maiores vilões do meio ambiente e o grande desafio do século XXI. Desafio que implica em tomada de decisões nas duas pontas: as empresas, no compromisso de reduzir o uso de plástico descartável, e os consumidores, evitando o consumo desses produtos, ambos buscando novas alternativas.

Uma campanha forte vem sendo feita nesse sentido pela ONG Oceana, em conjunto com o Programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma), tentando mobilizar a população para o problema.

A linha adotada é o apelo da necessidade de repensar os hábitos de consumo e assumir a responsabilidade pelo lixo produzido, buscando alternativas para minimizar os impactos que causam ao meio ambiente.

Números não faltam para mostrar o quando o plástico é nocivo. Os resíduos plásticos levam, por exemplo, mais de 400 anos para se decompor na natureza e, quando isso ocorre, liberam gases de efeito estufa, contribuindo para as mudanças climáticas e o consequente aquecimento do planeta.

O plástico descartado de maneira incorreta, em geral, vai causar o entupimento de bueiros, poluir mares e rios ou parar em lixões e aterros sanitários. Atualmente, são descartados 8 milhões de toneladas de plástico nos oceanos, prejudicando a vida marinha e o equilíbrio do ecossistema.

É preciso, portanto, medidas urgentes e uma nova postura sobre o problema. Isso implica em mudança de hábitos, de relação de consumo, de responsabilidade sobre a parte que cabe a cada um nessa conta que só cresce e que já começa a ser cobrada. O futuro do planeta é hoje, aqui e agora.

Marcellus Campêlo é engenheiro civil, especialista em saneamento básico; exerce, atualmente, o cargo de coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), órgão que gerencia as obras do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus e Interior (Prosamin+).

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