COVID-19: Saúde alerta para a chegada da quarta onda da doença, no Amazonas

As unidades de saúde estão se preparando para o aumento de hospitalizações, diz a SES. FOTO: Reprodução.

Jacira Oliveira

MANAUS – | O aumento dos novos casos de infectados pelo Coronavírus, inclusive com novas mortes, a chegada da nova variante ao Brasil e a ocorrência simultânea com o vírus da Influenza (gripe), acenderam todos os sinais de alerta para a chegada de uma nova onda de Covid-19. A estimativa da Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM) é que haja um aumento da ocupação de leitos hospitalares com pacientes de Covid-19 nos próximos 60 a 80 dias. Um período que se anunciava de festas e de boas perspectivas para a economia, com a realização da Copa do Mundo, o Black Friday e o Natal, volta a ser assombrado pelo fantasma da pandemia.

“Estamos preparando as condições para resistir a mais uma onda de Covid-19 no Amazonas”, diz o secretário de Saúde, Anoar Samad, em nota distribuída para a imprensa, na manhã desta quinta-feira (10).

O alerta do secretário é corroborado pelos boletins diários emitidos pela Fundação de Vigilância da Saúde (FVS), que aponta o crescimento dos casos – foram 218 só na última quarta-feira (09), com dois óbitos. Junta-se a isso, o alerta da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nesta quinta-feira (10), para o aumento dos casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) em quatro estados: Amazonas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, com predominância para um novo avanço da Covid-19.

O coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, lembra que, na última semana, esse sinal já era observado no Amazonas, aparecendo agora também em outros três estados. Ele aponta que essa é uma tendência que pode se espalhar pelo país.

A situação epidemiológica da Covid-19 registra 218 novos casos, totalizando 620.246 casos da doença, com dois óbitos registrados nas últimas 24h, chegando a 14.363 mortes pela doença.

“Já atualizamos nosso plano de contingência, com a certeza de que haverá necessidade de leitos de isolamento, o que exigirá novamente uma reorganização das unidades de todo nosso Sistema de Saúde”, diz o secretário de Saúde do Amazonas.
O CANAL TRÊS também questionou tanto a SES quanto o Governo do Estado para saber se há alguma medida em estudo para fazer frente à uma nova onda da pandemia e se há recomendações específicas para o momento, mas não obteve as respostas solicitadas.

Vacina – Com baixa cobertura vacinal nas doses de reforço (primeira e segunda dose), a principal arma de defesa da população contra a doença está sendo subestimada. Há evidências científicas e da rotina da saúde de que pacientes infectados e que já tenham recebido o maior número de doses da vacina têm o sistema imunológico mais preparado para enfrentar a doença sem consequências mais graves. No entanto, no Amazonas, segundo dados do Programa Nacional de Imunização, foram aplicadas 8,3 milhões de doses até a última terça-feira (08). Dessas, 3,3 milhões foram da primeira dose e 2,8 milhões da segunda. Somente 1,6 milhão tomou a primeira dose de reforço (ou terceira dose) e 551,2 mil a segunda dose de reforço.

“É preciso entender que o melhor momento para se vacinar contra uma doença é justamente quando ela não está circulando com intensidade. Por isso, faço um novo apelo a toda a população: atualizem seu esquema vacinal, temos mais de um milhão de amazonenses que não completaram suas doses. Não esperem as coisas piorarem para correrem todos ao mesmo tempo aos postos de vacinação, como aconteceu ano passado”, ressalta o secretário.

As síndromes respiratórias aguda estão em avanço em quatro estados do Brasil. FOTO: Reprodução.

SRAG – Os dados divulgados pelo InfoGripe nesta quinta-feira levam em conta os números do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe até o dia 7 de novembro.

“Como os dados laboratoriais demoram mais a entrar no sistema, é esperado que os números de casos das semanas recentes sejam maiores do que o observado nesta atualização, podendo inclusive aumentar o número de estados em tal situação”, explica o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.

Gomes afirma que ainda não é possível afirmar se o crescimento dos casos de SRAG esteja relacionado a novas linhagens do coronavírus, como a BQ.1, subvariante da Ômicron.

Na semana passada, a Covid-19 representava 26% dos pacientes com síndrome respiratória aguda grave no país, proporção que passou para 36,9%. O coordenador do InfoGripe acredita que a hipótese de dois picos anuais de Covid-19 se torna mais provável.

“Diferente do influenza e outros vírus respiratórios com tipicamente um pico por ano, a Covid-19 pode estar se encaminhando para uma realidade na qual a gente tenha que conviver com dois momentos do aumento da sua circulação”, avalia Gomes.

Entre as outras causas de SRAG, o vírus influenza A representa 14,8% dos casos; influenza B, 0,5%; e o vírus sincicial respiratório, 26,1%. No caso da gripe, os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal, mostram tendência de queda dos doentes.

Dez das 27 unidades federativas apresentam crescimento moderado de SRAG na tendência de longo prazo: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro.

Jacira Oliveira
Jacira Oliveira
Jacira Oliveira é jornalista, tendo atuado em redação dos principais grupos de comunicação do Amazonas além de assessorias de comunicação de instituições federais, estaduais e municipais. É graduada em Ciência Política e está concluindo a pós-graduação também em Ciência Política.

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