Vanessa Bayma
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MANAUS – | O setor de eventos foi um dos mais atingidos durante a pandemia. A realização de aniversários, casamentos, formaturas e celebrações em geral, permaneceu proibida por meses, em cumprimento a decretos do governo do estado. No retorno das atividades, este ano, cerimonialistas contam que as festas passaram a ser realizadas com pouco tempo de planejamento, seja porque já vinham sendo bastante adiadas ou pelas incertezas com relação à pandemia.
As festas também ganharam novas características – são menores, com grupo restrito de convidados, conforme relata o cerimonialista Júnior Carvalho, que há 26 anos atua com cenografia e decoração, para os principais eventos de formatura de ABC, graduação, casamentos, 15 anos e festas infantis, em Manaus. Ele diz que o imediatismo tem predominado, nas demandas recebidas.
“Estamos fazendo coisas menores, mais restritas. Além disso, festas que antes levariam meses para serem planejadas, agora fazemos em poucos dias. Organizei uma festa de 15 anos em apenas uma semana. Por causa do momento em que vivemos, as pessoas esperam para ver se vai ser possível realizar o evento e decidem em cima da hora”, explica.
Por causa da Covid-19, de acordo com Júnior Carvalho, as pessoas acompanham a evolução dos casos na cidade para decidir, já às vésperas do evento, a sua realização ou até mesmo o adiamento. No ano passado, segundo ele, foram 14 eventos cancelados e seis adiados.
Além disso, ele pontua que tudo ficou mais caro, desde o ano passado. “O aumento foi de, aproximadamente, 20 a 50%. Transporte, floricultura, buffet e serviço de alimentação tiveram o preço elevado”, explicou. A tendência em decoração passou a ser mais clean, para economizar, e continuou desse mesmo jeito até agora, observa.
A assessora de eventos Danielle Sena, que trabalha nessa área desde 2015, também tem sido procurada para realizar cerimônias com espaço de tempo muito reduzido para o planejamento. Os clientes, diz ela, preferem analisar com cautela a situação epidemiológica da cidade, antes de decidir a quantidade de convidados e o formato a ser seguido.
“Tivemos o caso de uma mãe que avisou, em janeiro, que não iria mais realizar a festa de 15 anos da filha, por causa da pandemia. Passou o tempo e, no mês do aniversário, ela voltou atrás. Fiz em duas semanas uma festa para 100 pessoas, e foi uma data que marcou para a família”, lembra. Danielle Sena destaca que, esse ano, realizou quatro eventos que haviam sido remarcados.
Pelos cálculos de Danielle, houve um aumento de preço, principalmente nas flores, que vêm de São Paulo, e nos itens de alimentação. “No caso das flores, influenciam questões como a sazonalidade, inverno e verão. Alguns queijos, por exemplo, vêm de fora, porque aqui seriam muito mais caros. Os próprios fornecedores também falam que tudo ficou mais caro”, reforçou.
Sobre a decoração, ela ressalta as mudanças que ocorreram no ano passado, por causa das restrições com relação ao número de convidados permitido. “A gente pensou em estratégias. Um casamento que seria de 100 pessoas, foi feito para 50, 60, no máximo 70. Teve casos em que o custo da festa foi quase o mesmo, porque o espaço não mudou. Apesar de ser menos pessoas, o espaço maior foi usado para dar o distanciamento social adequado e garantir mais ventilação. Com isso, tivemos também que decorar mais, para preencher os espaços que deveriam ter mais convidados”, exemplificou.
Esse ano, apesar da liberação das celebrações, com o cumprimento dos protocolos sanitários, os clientes mantiveram as mesmas características na decoração, segundo ela. Danielle considera que as pessoas estão mais dispostas, comemorando com mais vontade. “A gente precisa se agarrar nessa esperança que é a vacina. Tenho sentido os clientes mais animados para fazer festa e para comparecerem”, disse a profissional, destacando que, com a vacinação, os convidados sentem-se mais seguros.
Aumento de 25% nos casamentos em cartórios
Os casamentos, que também precisaram ser adiados ou cancelados no pico da pandemia, voltaram a crescer no Amazonas. O aumento foi de 25,6% entre janeiro e outubro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, segundo a Associação dos Notários e Registradores do Estado do Amazonas (Anoreg-AM).
Foram 9.140 celebrações civis nos dez primeiros meses de 2021 e 7.272 durante todo o ano passado. De acordo com a Anoreg-AM, em março foram realizados 830 casamentos, enquanto no mesmo mês, em 2020, quando iniciou a pandemia no estado, foram 621.
Segundo o presidente da Anoreg-AM, David Gomes, durante toda a pandemia, em 2020, os cartórios tomaram todos os cuidados e adotaram os protocolos sanitários, que continuam sendo seguidos até hoje. “Em 2020, sob orientação da Corregedoria Geral de Justiça do Amazonas, os cartórios do estado passaram a fazer celebrações de casamentos civis somente por videoconferência, a fim de evitar uma possível propagação da Covid-19”, explicou.
A modalidade foi seguida até maio deste ano e depois passou a ser permitida a realização de celebração com os registradores presentes, em ambiente privado (casas de festas), desde que mantidos os protocolos sanitários. As cerimônias nas sedes dos cartórios, no entanto, seguem suspensas e a celebração por videoconferência continua sendo uma opção para os noivos, mesmo com o presencial liberado, sendo mais uma alternativa de oferecer segurança e tranquilidade a todos.