Vanessa Bayma
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MANAUS – | Artigos amazônicos produzidos por ribeirinhos, indígenas e artesãos da região, estão disponíveis pelo e-commerce para o mundo todo. As peças podem ser conferidas no perfil virtual da marca Jungle Joy Amazonia, responsável por uma curadoria refinada de diversos produtos, que vão de biojoias, souvenirs, até objetos de decoração para casa, que têm encantado consumidores nacionais e estrangeiros.
O trabalho é feito em conjunto com diversas etnias, comunidades e artesãos não só de Manaus, mas do Norte do país. Diretamente do Canadá, a manauara Barbarah Israel, sócia e diretora geral da empresa, é quem faz o contato com os fornecedores, pesquisa novos produtos e realiza os atendimentos aos clientes pela internet.
Quando está em Manaus, participa da seleção das peças, que normalmente fica a cargo da mãe, Joy Israel, que mora na capital amazonense, onde está a maior clientela da marca. A empresa é totalmente familiar e o irmão, Jordan Israel, realiza o gerenciamento das vendas. “A curadoria vai muito do nosso ‘feeling’ e do nosso gosto. Também observamos se é extraído de forma sustentável da floresta, se possui algum selo. Buscamos alguns requisitos, mas sempre olhando a beleza, o material utilizado e de onde veio”, explicou a empresária.
São só dois anos de marca, mas muitos frutos. Na parte de acessórios, destacam-se os colares e pulseiras de sementes de morototó de diversas cores, dando um visual mais divertido e “fashion”. Os produtos, que são a cara da Amazônia, são feitos por ribeirinhos e mulheres da etnia Sateré-Mawé, no Amazonas.
Entre os produtos, as famosas pulseiras feitas pela etnia Waimiri Atroari, também disponíveis em tons mais escuros ou com fecho. Uma das características do acessório, feito de fibra de talo de arumã, é que quanto mais tempo se usa, mais o talo se molda ao pulso e a fibra fica mais bonita.
É um dos itens queridinhos, junto com uma das criações da Joy Amazonia, que são as cordinhas para óculos. Feitas de sementes de morototó ou de açaí, elas também estão disponíveis em várias cores. Para compor um look completo, brincos da etnia Kayapó, das indígenas do Xingu.
Todos os produtos são considerados “carro-chefe” e possuem grafismo indígena ou formas que remetem à identidade amazônica, assim como as cestas, bandejas, vasos, bolsas, chaveiros e muito mais. A gama de produtos também conta com argila natural para pele e óleos essenciais.
Do Amazonas para a Espanha
No final do ano passado, outro produto da marca que despontou no mercado e gerou a primeira grande compra internacional foram os kits amazônicos. “Montamos com chaveiro, colar, sabonete e vendemos super bem! Vendemos até para empresas de fora do Brasil. E foi uma ideia totalmente Jungle Joy”, comemora Barbarah, citando o pedido feito para uma empresa da Espanha, que presenteou os funcionários com os kits.
Os kits também foram bem vendidos em Manaus, para presentear familiares e amigos, no final do ano. Entre 3 a 6 produtos da marca foram colocados em caixinhas ou cestas artesanais, podendo conter ainda itens de skincare, chocolates regionais e pimentas Baniwa, feitas por mulheres da etnia Baniwa. A pimenta, também chamada “jiquitaia”, é de alta picância e, onde Barbarah mora, faz sucesso quando ela leva para vender.
A empresária ressalta que sempre foi apaixonada pela arte regional e destaca que a Jungle Joy não vende apenas produtos, mas vende histórias por trás de cada artesanato. Fomenta uma cadeia produtiva sempre pensando na sustentabilidade e na responsabilidade em como as peças são produzidas e impactam no meio ambiente.
“Não temos nada de plástico, tudo que a gente usa é biodegradável. A maioria das nossas embalagens é artesanal, minha mãe faz os detalhes. É um valor que a Jungle Joy tem com o meio ambiente. Também temos um selo, o ‘Eu Reciclo’, que garante a compensação ambiental do pouquíssimo que a gente gera de resíduos”, explicou.
A Jungle Joy, no entanto, também quer funcionar como uma ponte para o artesanato que é produzido fora do Brasil e prepara, esse ano, algumas novidades. “Estamos fechando parceria com artesãos do México e da Colômbia para trazer bolsas de palha artesanais, super lindas. Ainda não dá para falar muito”, revelou ela, que ainda pretende trazer uma linha pet, feita por artesãs maias, também do México. “Vamos ter uns acessórios diferenciados, novos, e parcerias internacionais”.
A marca já possui uma seção, chamada “Arte pelo mundo”, na qual expõe cartucheiras feitas na Índia, uma parceria com Sidhartta. E, como uma das propostas é divulgar e levar a arte para o mundo, a Jungle também realizou várias collabs, tendo uma caixa personalizada feita pelo artista amazonense Raiz Campos, conhecido em Manaus pelo grafitti.
A designer amazonense Iuçana Mouco também tem produtos à venda, colares feitos de madeira ipê e pequiá, de extração sustentável. Ela que também foi a responsável pela produção das bolsas, consideradas artigos de luxo e que, assim como toda a variedade de produtos disponíveis, esgotam-se rapidamente e fazem a Jungle Joy ser o que é.