Silvio Frison
2022 começou como o ano do recomeço, tendo em vista o enfraquecimento
da pandemia do Covid-19 no final do ano. Mas depois de seis meses, tudo
ainda está incerto. A guerra na Europa entre Rússia e Ucrânia e o vírus
resistindo têm gerado forte impacto na economia mundial e na vida
financeira dos brasileiros. Há anos não registrávamos tamanha inflação em
produtos que fazem parte do dia a dia da população (ex.: alimentação,
combustível, energia), consumindo parte significativa da renda, que
também diminuiu.
Este cenário causou mudanças nos hábitos de consumo, lazer e
comportamento. O brasileiro aumentou sua disposição para empreender,
buscando gerar renda, reduziu o uso do dinheiro vivo, substituindo-o pelo
PIX, passou a priorizar os gastos em casa, como TVs por assinatura, e
reduziu a conta com lazer externo. Ao comparar as despesas realizadas em
2021 às de 2020, constata-se que o aumento dos gastos se concentra em
supermercados e farmácias.
Por conta disso, o nível de endividamento vem batendo recordes e isto gera
enorme preocupação tanto em relação à economia do país, como para cada
pessoa que está com seu “nome sujo”. Como consequência, a saúde mental
foi impactada por conta dos reflexos com preocupações financeiras, com a
família e com o futuro. Muitos relatam problemas de concentração,
pensamentos negativos e crises de ansiedade.
Para tentar reduzir os impactos gerados na economia, o governo, por meio
da Caixa Econômica Federal, liberou o Saque Emergencial do FGTS. Para
muitos brasileiros, o saque representa o recomeço já que quase metade da
população que possui dívida pretende usá-lo para limpar o nome. E, embora
já houvesse a possibilidade de utilizar o FGTS como garantia de
empréstimos com taxas menores para quitar dívidas de maneira mais
tranquila, poucas pessoas usam.
O fato de o Saque Emergencial despertar o público para a possibilidade de
adquirir empréstimos atrelados ao FGTS nos mostra que, apesar da fama, o
Fundo não é realmente conhecido pelo brasileiro. Embora todos afirmem
conhecê-lo, nem metade sabe em que condições podem utilizar o dinheiro.
Não adianta reclamar ou esperar que este tipo de conhecimento chegue à
população. Esta é uma ótima oportunidade para que nós, empresas da área
financeira, possamos contribuir com informação, dicas e educação
financeira, compartilhando os melhores recursos disponíveis para que as
famílias possam garantir uma boa saúde financeira e, assim, uma vida mais
tranquila e feliz.
Silvio Frison, vice-presidente da Serasa, que continua acreditando na mudança e na construção de um mundo para todos, com crédito para todos.