A Amazônia tem o privilégio de possuir os maiores e mais volumosos rios com água doce do mundo, além de ser o principal meio por onde se deslocam pessoas e mercadorias durante todo o ano.
Diferente dos oceanos que possuem diariamente o efeito da maré (subida e descida), os rios têm seus regimes sazonais de cheia e vazante.
A vazante é o regime que mais afeta a população, principalmente a residente no estado do Amazonas, que depende praticamente dos rios para que funcione a logística de pessoas e cargas.
O mês de setembro de 2023 está chegando ao final e com ele os dados e fatos que comprovam que este será um ano de registro de uma das severas estiagens da história, na maior bacia hidrográfica do mundo.
A Defesa Civil do estado prevê uma seca recorde neste ano, no Amazonas. Dos 62 municípios, 17 já estão em situação de emergência e 38 em alerta, de acordo com o órgão.
“O evento do Atlântico Tropical Norte está se somando ao El Niño. Dois eventos ao mesmo tempo são preocupantes. Tivemos isso entre 2009 e 2010, que foi a maior seca registrada na bacia do rio Negro nos últimos 120 anos”, afirma o meteorologista Renato Senna, responsável pelo monitoramento da Bacia Amazônica, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
Isolamento de municípios, comunidades, ribeirinhos e a morte de animais, principalmente os aquáticos, confirmam que é fundamental e de vital importância a atenção para a utilização e gestão correta dos recursos hídricos. Para que isso ocorra, é preciso visão estratégica do poder público e o apoio da sociedade civil organizada, principalmente na formação de Comitês de Bacias.
(Artigo Publicado originalmente no Portal A Crítica)