Por Yan Bártholo*
Essa força vital que impulsiona a inovação e a expressão artística, e que chamamos de criatividade, é sempre enaltecida como uma habilidade inata que todos possuímos. Porém, a realidade é um pouco mais complexa e pode ser mais excludente do que imaginamos.
A criatividade é frequentemente associada a características específicas, como a genialidade ou a originalidade brilhante. Esses estereótipos restringem a compreensão da diversidade criativa, marginalizando aqueles que não se encaixam nesses moldes preestabelecidos.
É aí que entra uma questão muito importante: a autoaceitação. Ela desempenha um papel fundamental em cada indivíduo. E, nesse caso em particular, faz com que muitas pessoas se sintam excluídas ou inadequadas para se enquadrar nas categorias tradicionais de “criativo”. Por isso, é muito importante entender que a criatividade não está limitada a profissões específicas ou a um grupo restrito de pessoas. Todos temos a capacidade de expressá-la.
O nosso “querido” machismo não poderia ficar de fora do mercado criativo, não é mesmo? Mulheres talentosas enfrentam diferentes obstáculos todos os dias para serem reconhecidas e valorizadas por suas contribuições criativas. A ridicularização de uma ideia, é parte do dia-a-dia de qualquer mulher que trabalha em um ambiente “criativo”. É essencial
desafiar os estereótipos de gênero e criar um ambiente onde as vozes femininas sejam igualmente representadas e respeitadas.
Além disso, os resquícios do racismo, por mais incrível que pareça, ou não, também são barreiras significativas para todos aqueles que buscam uma carreira criativa atualmente. A falta de representatividade e oportunidades equitativas impede que muitos talentos pretos desenvolvam seu potencial criativo plenamente.
É óbvio que estou colocando aqui o extremo desse assunto para mostrar que as coisas não são tão lindas como parecem. Nem tudo são flores e arco-íris, mesmo quando falamos de algo tão imaginativo, lindo e que deveria ser livre de preconceitos. Mas, quando tocamos no mundo das ideias, também tocamos no mundo do ego. E ele é um dos maiores responsáveis pela discriminação.
De fato, muitas agências, atualmente, trabalham para criar ambientes melhores e mais inclusivos, mas são as famosas exceções da regra. E a transformação é diária. A melhoria é contínua, dia após dia, para que, cada vez menos, existam artigos como este e cada vez mais possamos falar de ambientes de trabalho justos para todos, até para os que trabalham com a famosa criatividade.
Portanto, ao falar que ela não é para todos, reconhecemos que nem todas as pessoas têm acesso igual a oportunidades de expressão criativa. É importante incentivar e proporcionar um ambiente que permita o desenvolvimento da criatividade, valorizando suas mais variadas expressões, rompendo com essas ideias limitantes e combatendo esses sistemas estruturais, para promover a diversidade e a inclusão em todos os níveis da indústria criativa.
(Artigo Publicado originalmente no Portal A crítica)
Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, pela UniNorte. Formado em Redação Publicitária pela Miami Ad School/RJ. Premiado pelo Andy Awards NYC, Effie Awards México, El Ojo de Iberoamerica, FIAP, Young Lions México, Círculo Creativo de México, Colunistas RJ y Wave Festival RJ. Passou pela agência Ogilvy & Mather México e VMLY&R México. Atualmente, é redator senior da agência Only If-The How Company.