Sem carnaval, comércio de Manaus amarga prejuízo de 15% a 100%

Presidente da CDL/AM, Ralph Assayag, aponta perdas para am empresas sem a festividade. Foto: Divulgação/CDL/AM

Geizyara Brandão

geizyarabrandao@canaltres.com.br

MANAUS – | A pandemia da Covid-19 afeta, pelo segundo ano consecutivo, as atividades econômicas ligadas ao Carnaval no Amazonas. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL/AM), Ralph Assayag, as lojas têm uma perda de 15% a 100% da renda no período carnavalesco sem as festividades.

“As empresas que vendem somente o produto de Carnaval vão ter problema, prejuízo de 100%.  As que vendem vários outros produtos, como por exemplo, variedades, sabem que vão ter, em relação aos outros anos, uma perda de renda de 15% a 20%, naquele período”, afirmou Assayag.

Para o presidente da CDL/AM, haverá uma melhora em relação ao ano passado, já que as lojas estão funcionando normalmente. “Todas aquelas lojas que vendem adereços, material de carnaval vão sofrer, porém elas já viram que no ano passado tiveram problema, então compraram muito pouco desse material”, enfatizou.

Trabalhadores

Uma das trabalhadoras impactadas pela suspensão do Carnaval, principalmente de blocos de rua, é a empreendedora Cristiane Mota, que perdeu 70% da renda anual sem as comemorações. 

Produzindo acessórios carnavalescos e customização de roupas, há oito anos, a empreendedora relata que na época arrecadava renda para o ano inteiro. “Eu tive um retorno muito bom no prazo, então fiz um investimento bem alto e fui trabalhando no decorrer dos anos para poder no ano seguinte estar preparada. Mas veio a pandemia e está tudo encaixotado, porque a gente não tem como comercializar. Perdi 70% da renda do meu ano todo”, contou.

Cristiane Mota (à direita) trabalha com acessórios e customizações carnavalescas há oito anos. Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Mota, as vendas do Carnaval e Natal são as principais datas que foram comprometidas pela pandemia. “O Carnaval é o que eu ganho dinheiro para o ano todo. No Natal, em 2021, a gente conseguiu fazer alguns trabalhos, mas realmente o Carnaval não tem como fazer”, disse.

A alternativa, de acordo com a empreendedora, é focar em datas como o Dia das Mães e Páscoa, com a fabricação de outros itens.

Diante da crise, temos que empreender, não podemos desistir até porque temos que nos manter e temos conta para pagar. Estou fazendo o máximo que eu puder para confeccionar melhor com o material de custo mais baixo, mas sem perder a qualidade para oferecer ao cliente”

Cristiane Mota

O presidente do Conselho Regional de Economia Amazonas, Marcus Evangelista, destaca que o impacto é sentido em diversos segmentos, como o de transporte particular, hotelaria e lojas. “Carnaval não é só a festa, tem toda uma economia por trás daqueles momentos de diversão, em que temos o artesão que está trabalhando, a loja que está fornecendo os insumos para as alegorias, as fantasias. Então, no momento em que é cancelada uma festa desse porte, obviamente vamos ter o impacto na economia”, ressaltou. 

Comércio

Para o presidente da Federação do Comércio do Estado do Amazonas (Fecomércio AM) em exercício, Aderson Santos da Frota, a ausência do Carnaval impacta indiretamente o comércio. “Quanto menos festas, consequentemente há menos consumo de bebidas, de comidas e isso realmente acaba afetando a própria atividade comercial. Claro que vivemos um momento diferente, em que estamos debaixo de uma crise sanitária que obriga, realmente, as pessoas a terem atitudes diferenciadas, como proteger a saúde, se resguardar”, explicou. 

Conforme Aderson Frota, apesar da privação de um evento carnavalesco e de festas, a saúde deve ser priorizada. “O importante é que a saúde é mantida, a população estará mais tranquila em relação aos seus efeitos, não há tanta pressão do ponto de vista social e, acima de tudo, a economia está funcionando com uma certa normalidade, e vamos manter não só os empregos a renda, mas, acima de tudo, a qualidade de vida e protetiva da própria população”, finalizou. 

Retrospectiva do Cenário

Segundo dados da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas (SEC), em 2019, investimentos na ordem de 3,5 milhões geraram cerca de 10 mil postos de trabalho, sendo 4,5 mil somente nos galpões dos grupos Especial e Acesso, durante o período carnavalesco. 

O ano de 2020 foi o último a ter a realização do Carnaval no Amazonas, já que o primeiro caso de Covid-19 foi registrado no dia 13 de março. Já em janeiro de 2021, o Estado passava pela segunda onda da pandemia, que culminou na crise do oxigênio. 

O governador Wilson Lima suspendeu o ponto facultativo do Carnaval, que estava previsto para os dias 15 e 16 de fevereiro de 2021 e o Estado enfrentava medidas restritivas por conta do avanço dos casos e mortes pela Covid-19. 

Já neste ano, o governo estadual garantiu recursos para realização de live, sem data definida, das agremiações com o objetivo de fomentar o carnaval. Além de estudar a possibilidade do desfile em abril.

Governador Wilson Lima analisa possibilidade do desfile ser realizado em abril. Foto: Diego Peres/Secom

“O Carnaval é importante para a nossa história, ajuda a manter vivas as tradições e tem uma outra função que é importante, fundamental, que é a geração de emprego e renda. Muitas pessoas sobrevivem do Carnaval. Tem sido um desafio muito grande para o poder público encontrar caminhos para manter essas tradições vivas e as famílias trabalhando. Quanto mais a gente vacinar, logo logo a gente vai ter samba, a gente vai ter Carnaval”, declarou o governador no último sábado (05/02), durante a ação de vacinação contra a Covid-19 nas escolas de samba.

Geizyara Brandão
Geizyara Brandão
Jornalista há dez anos, passou por redações de impresso, portal, TV, além de assessoria de imprensa. Formada pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) com pós-graduação em Assessoria e Mídias Digitais pela Faculdade Boas Novas.

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