Saúde mental: Conheça os benefícios dos pets no tratamento de ansiedade e depressão

Animais de estimação são frequentemente descritos como afetuosos, leais e divertidos. No entanto, ter um companheiro animal em casa pode proporcionar não apenas alegria, mas também vantagens significativas para a saúde física e mental, especialmente para aqueles que enfrentam quadros de depressão, ansiedade ou estão passando por um período de luto.

De acordo com a psicóloga Cíntia Lima, uma pesquisa realizada pela Edelman Intelligence, em parceria com a HABRI e a Mars Petcare revela que 80% das pessoas se sentem menos sozinhas na companhia de um pet, ou seja, além da troca de carinho, cães e gatos, os mais comuns neste tipo de tratamento, também ajudam a lidar com problemas como depressão, solidão e ansiedade.

A psicóloga esclarece que a chamada zooterapia é uma linha terapêutica que usa animais para ajudar no convívio e recuperação das pessoas. Segundo Cíntia, “essa terapia é feita no Brasil desde 1960, quando a psiquiatra Nise da Silveira usava um gato e um cachorro em suas sessões. Observando a interação dos pacientes com os animais, ela percebeu que eles ficavam mais calmos”.

Ela explica que isso acontece porque quando o humano passa parte do dia com um animal, ele produz mais hormônios como a ocitocina e serotonina, responsáveis pela regulação do humor e promoção de sentimentos de afeto e conexão emocional.

“Assim, os pets distraem o dono dos seus problemas recorrentes. Com “lambeijos” e o rabinho abanando, eles são capazes de nos fazer liberar hormônios produtores da felicidade”, disse a profissional.

O ato de cuidar de um animal de estimação também pode fornecer aos pacientes uma sensação de responsabilidade e estrutura em suas vidas. Estabelecer uma rotina para alimentação, higiene e passeios ajuda a criar um senso de propósito diário, algo especialmente benéfico para aqueles que estão lutando contra a falta de motivação característica da depressão.

A psicóloga também pontua que é preciso aprofundar no tema e pesquisar bem sobre o assunto, juntamente com o paciente. “É importante avaliar o interesse a longo prazo, porque estamos falando de um ser vivo, entender a maneira de introduzir o animal a tratamento e à vida”.

Segundo Cíntia, além de ser um amigo fiel, os animais podem, ainda, oferecer conforto e auxiliar pessoas com síndromes, transtornos e doenças psiquiátricas. “Muitas vezes, apenas pela sua presença, o animal de assistência emocional é capaz de melhorar o psicológico e a qualidade de vida dos indivíduos. E assim a relação com o outro se torna muito mais eficaz e feliz”.

Mudança na qualidade de vida

Segundo Déborah Silva, de 28 anos, a presença da gatinha Mia, já mostrou resultados em seu dia a dia, desde que foi adotada, há cerca de 2 meses. A decisão partiu em conjunto com sua psicóloga, que sugeriu um animal de estimação para auxiliar em seu tratamento terapêutico contra a ansiedade, que vem sendo realizado há um ano.

“A Mia é muito dócil e me ajuda bastante quando me sinto ansiosa ou nervosa na presença de outras pessoas. Antes, eu nem conseguia sair do quarto para cumprimentar visitas, me sentia envergonhada, de certa forma. Agora, onde a minha gata está, eu também estou. Me sinto menos solitária com ela e até mais segura, em certas situações”, disse Déborah.

No entanto, para o psicólogo clínico Daniel Pinheiro, também é importante ressaltar que embora os pets possam proporcionar muitos benefícios emocionais, eles não substituem a necessidade de tratamento profissional para quadros de ansiedade e depressão.

“Os animais de estimação podem complementar o tratamento, mas não devem ser considerados como a única solução para esses problemas. É fundamental consultar um profissional de saúde mental para garantir que essa abordagem seja adequada ao caso específico e que não haja contraindicações”, explica.

Ainda conforme Daniel Pinheiro, a avaliação da elegibilidade de um paciente para a terapia com animais é realizada através de um diagnóstico, por meio de observação, entrevista (paciente e familiares) e aplicação de testes.

Algumas das contraindicações levadas em consideração, são quando os pacientes que possuem alergias, medo ou fobia de animais, incapacidade de cuidar, histórico de trauma relacionado a animais, restrições de moradia ou interferência com o tratamento.

Em um dos casos em que foi responsável, Daniel Pinheiro conta que uma paciente de 11 anos, que lutava contra um câncer, apresentava sinais de alegria e esperança após ser acompanhada por um cachorrinho. A observação foi vital para a inclusão total do animal no dia a dia da criança.

“Ela estava passando por um tratamento doloroso e emocionalmente desafiador, que afetou sua disposição, e a deixava frequentemente triste. Por orientação e decisão da família, foi adquirido um cachorro que proporcionou neste período muita interação. Pode ser identificado que a paciente se sentia menos ansiosa e mais esperançosa, após a chegada do animal”, relata o profissional.

Daniel explica que é essencial que os pacientes conversem abertamente com seus psicólogos, para avaliar o contexto individual e fornecer orientação adequada, considerando as necessidades e limitações específicas de cada paciente.

“Lembre-se de que a terapia assistida por animais não é uma abordagem substituta para o tratamento convencional de ansiedade e depressão, mas pode ser uma valiosa ferramenta complementar.”, disse o psicólogo.

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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