Presidentes da Venezuela e Guiana se reúnem para discutir disputa territorial

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, deve se reunir nesta quinta-feira (14/12) em São Vicente e Granadinas com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em meio a crescentes tensões sobre a disputa territorial referente à área de Essequibo. Esta região, potencialmente rica em reservas de petróleo, tem sido o centro de um impasse prolongado.

O desentendimento em relação a esta vasta área de selva, abrangendo 160 mil quilômetros quadrados (km²), persiste ao longo de décadas. No entanto, a Venezuela reativou suas reivindicações, especialmente nas áreas costeiras, nos últimos anos, à medida que significativas descobertas de petróleo e gás foram realizadas.

O caso está em análise na Corte Internacional de Justiça, mas é previsto que uma decisão final possa levar anos. Recentemente, os eleitores venezuelanos rejeitaram a jurisdição do tribunal e, por meio de um plebiscito realizado neste mês, mostraram apoio à criação de um novo estado.

A Guiana levantou dúvidas sobre a validade da votação, reafirmando que a sua fronteira terrestre não está sujeita a discussão. Especialistas políticos em Caracas interpretam o plebiscito como uma estratégia de Maduro para avaliar o respaldo ao seu governo antes das eleições presidenciais de 2024, e não como um passo inicial em direção a uma invasão.

O primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, que também atua como presidente pro tempore da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), deve ser o anfitrião da reunião, que ele anunciou no fim de semana.

“Esperamos conseguir um relaxamento das tensões e diminuir a agressividade do discurso da Guiana”, disse o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, a jornalistas no início desta semana, reiterando os comentários de Maduro e seus aliados de que a votação lhes deu um mandato para controlar Essequibo.

Irfaan Ali, representante da Guiana, declarou o compromisso do seu país com a defesa da soberania e das fronteiras, enquanto expressa a necessidade de a Venezuela reduzir sua expansão em relação à Guiana.

Recentemente, Maduro anunciou a autorização para a exploração de petróleo em Essequibo, gerando indignação por parte de Ali. Este último buscou assegurar aos investidores que possuem projetos já aprovados pelo governo guianense, como a Exxon Mobil e a futura parceira Chevron, de que seus investimentos estão protegidos.

As áreas offshore são responsáveis pela totalidade da produção de petróleo na Guiana, cuja economia está em expansão graças à produção, que deve dobrar para mais de 1,2 milhão de barris por dia até 2027.

“Não vamos a lugar nenhum – nosso foco continua sendo o desenvolvimento dos recursos de forma eficiente e responsável, conforme nosso acordo com o governo da Guiana”, disse a Exxon esta semana, acrescentando que as alegações do governo de Maduro de que a empresa estaria envolvida no financiamento de um complô para prejudicar o plebiscito são “ridículas e sem fundamento”.

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