Vanessa Bayma
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MANAUS – | O conjunto Vieiralves, no bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul, é considerado uma das principais áreas comerciais da cidade, mas sofre com um problema que parece longe de ter solução: a falta de estacionamento e o trânsito caótico. A Prefeitura de Manaus estuda a retomada, em 2022, do sistema Zona Azul, para ordenar o fluxo de trânsito e de vagas na área.
Segundo a Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (Ageman), atualmente o Zona Azul só está funcionando no Centro de Manaus. O sistema foi suspenso no Vieiralves em março de 2020, com a justificativa da pandemia e também porque a empresa concessionária do serviço não implantou as 3 mil vagas prometidas, entre o Centro e o conjunto. Ficaram 527 vagas pendentes. Além disso, segundo o órgão, não resolveu as falhas no aplicativo que impossibilitam os usuários de checar as vagas e fazer o pagamento da taxa de estacionamento.
Outro problema no Vieiralves é que os empreendimentos, conforme o Plano Diretor atualizado em 2014, deveriam oferecer estacionamento aos clientes. De acordo com o diretor de planejamento do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro, estabelecimentos como bancos, bares e lanchonetes devem prever uma vaga a cada 75 metros quadrados de área útil, conforme a Lei de Uso e Ocupação do Solo. Mas as exigências não são cumpridas por boa parte dos estabelecimentos que ali se instalaram.
“Todo estabelecimento deve oferecer estacionamento conforme sua atividade e tamanho. É permitido que ofereça o estacionamento em até 150 metros de distância de onde estiver instalado. Se não oferecer, o empresário pode ser notificado pela Secretaria Municipal de Economia e Finanças (Semef). Se não resolver, o alvará será cassado”, informa Cordeiro, destacando que as denúncias devem ser dirigidas ao órgão, por meio dos e-mails diskordem.implurb@pmm.am.gov.br ou ouvidoria.implurb@pmm.am.gov.br.
Segundo ele, o conjunto Vieiralves, a cada ano, tem prédios que mudam de uso habitacional para comercial, e nem todos possuem espaço suficiente para criação de estacionamento e, muito menos, vagas. Alguns prédios possuem área pequena, sendo a obrigatoriedade dispensada, disse ele. “Alguns são considerados ‘micro’. São tão pequenos que são considerados como ‘suporte às comunidades’, ou seja, para ter acesso os moradores se deslocam a pé, não é preciso veículo, apesar de alguns carros pararem na rua para ir a esses locais”, ponderou o diretor.
São esses pequenos “deslocamentos” – o motorista para na rua, porque considera que vai só rapidinho fazer uma compra – que geram incômodo aos moradores da área e prejudicam o trânsito. Além disso, de noite principalmente, quando aumenta a circulação de pessoas nos bares e restaurantes do local, há carros por todos os lados. Os estacionamentos disponíveis não suprem a demanda e alguns carros estacionam em locais proibidos ou em garagens de moradores.
Nesse sentido, o diretor de operação de trânsito do Instituto de Mobilidade Urbana (IMMU), Stanley Ventilari, informa que o órgão tem intensificado as fiscalizações no Vieiralves, principalmente, por se tratar de área comercial com grande movimentação de pessoas em todos os horários. “Na última semana fizemos uma operação no local, onde foram apreendidos vários veículos estacionados em lugares irregulares. Essa fiscalização tem sido realizada de manhã, de tarde e de noite, regularmente, devido à movimentação, principalmente nessa época do ano, em bares e restaurantes”, ressaltou.
Solicitação
A presidente da Associação dos Empresários do Vieiralves (AEV), Sônia Yara Rodrigues, diz que o conjunto possui em torno de 2 mil lojistas e que há uma solicitação junto à Prefeitura de Manaus para melhorias no local. “Entendemos que são necessidades que podem influenciar diretamente no resultado do fluxo do trânsito e em condições melhores para pedestres e clientes”, explicou ela, que em nome da AEV já solicitou audiência com o prefeito, David Almeida, e aguarda retorno sobre a pauta.
Melhorias como tapa-buracos, acostamentos, bueiros, sinalização, iluminação, criação de ciclovias e as vagas para estacionamento fazem parte da lista de temas a serem abordados. “Sabemos que não há vaga, não somente no Vieiralves, mas em toda a cidade, que teve um crescimento desordenado. É algo que nos incomoda muito e já estamos pleiteando desde o começo dessa nova gestão e até o momento não conseguimos obter resposta da Prefeitura”, informou Sônia Yara.
De acordo com a presidente, quando havia o Zona Azul na área, os lojistas e a sociedade ficaram divididos e a discussão ainda parece longe de terminar. “Ao mesmo tempo que ele organizou, ele prejudicou o trânsito em ruas estreitas, onde foi feito o estacionamento de carros nos dois lados. É um tema muito complexo”, argumentou Sônia, que espera soluções e novas ideias do poder público, para sanar a questão.