Pesquisas de medicamentos contra Covid apresentam bons resultados na redução da gravidade dos casos

Foto: Divulgação

As pesquisas para identificar tratamentos eficazes contra a Covid-19 avançam em várias partes do mundo e alguns estudos já apontam resultados promissores.

A médica infectologista Maria Paula Mourão, coordenadora do estudo CovacManaus, ressalta que, até o momento, não há nenhum medicamento capaz de conter o vírus. Mas, segundo ela, determinadas drogas têm apresentado bons resultados em situações específicas, atenuando a gravidade dos casos, atuando na redução do tempo de internação e evitando que o paciente chegue a óbito.

“O ideal sempre é não contrair a doença. Por isso, a importância dos cuidados preventivos básicos que todos já sabem, mas que devem ser reforçados diariamente: usar máscara, evitar aglomerações e higienizar as mãos. Para quem se encontra na faixa etária da imunização, a recomendação é não deixar de se vacinar”, destacou.

Maria Paula Mourão faz parte da equipe do Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema, vinculado à Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), de Manaus, instituição que é referência internacional em doenças infectocontagiosas.

No ano passado, a equipe trabalhou em dois importantes estudos relacionados à Covid-19. O primeiro, intitulado CloroCovid-19, comprovou que a cloroquina não é eficaz no tratamento da doença. Os pesquisadores do instituto também atuaram no estudo que mostrou a eficiência do uso de corticóides em pacientes internados, a partir da segunda semana de infecção e apresentando necessidade de suplementação de oxigênio. “Esse estudo foi publicado e esse protocolo já vem sendo utilizado pelos médicos em pacientes nessas condições. É importante reforçar que os resultados se mostraram satisfatórios nesse cenário. Não há qualquer recomendação para casos leves ou como medida preventiva”, frisou.

Os pesquisadores do Instituto Carlos Borborema estão trabalhando, atualmente, no estudo CovacManaus, que visa identificar se a aplicação da vacina Coronavac em pessoas com comorbidades terá impacto na prevenção das formas graves da doença. Nos próximos meses os primeiros resultados já devem ser publicados.

A pesquisa está na fase de acompanhamento periódico dos voluntários vacinados, para identificar a resposta imunológica. Participam como voluntários 8.744 profissionais da educação, 1.414 da segurança pública. O grupo com comorbidade foi vacinado com duas doses da vacina Coronavac; o outro não recebeu nada e apenas fará o acompanhamento clínico e sorológico.

Foto: Phil Limma

Estudos pelo mundo – Além dos corticoides, outras medicações também têm apresentado bons resultados, em estudos desenvolvidos em outras partes do mundo. É o caso do Remdesivir, que foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento da infecção pelo Coronavírus. Antiviral desenvolvido para combater o ebola, o medicamento apresentou resultados satisfatórios na redução do tempo de internação de pacientes hospitalizados com Covid-19.

O medicamento pode ser utilizado em pessoas com idade superior a 12 anos, com pelo menos 40 kg, que estejam com alguma doença respiratória e precisem de suplementação de oxigênio. Por ter alto custo, a medicação ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

A farmacêutica Pfizer divulgou este mês os resultados da pesquisa com o Tofacitinibe, que mostrou capacidade de redução de 37% do risco de morte ou de insuficiência respiratória, em pacientes com pneumonia associada à Covid-19. O remédio faz parte da categoria dos inibidores das janus quinase (JAKs), proteínas envolvidas no desencadeamento de doenças inflamatórias.

O ensaio clínico com o medicamento traz evidências de que pode diminuir o risco de o paciente desenvolver a chamada tempestade inflamatória, uma grave complicação que pode ser causada pela Covid-19. Até o momento, o Tofacitinibe ainda não foi aprovado ou autorizado para uso por nenhuma agência regulatória do mundo.

A Pfizer também está realizando nos Estados Unidos testes de um medicamento antiviral, que poderá ser usado em pacientes no início da infecção. Denominado PF-07321332, é um inibidor de protease, que impede o vírus de se replicar nas células.

No Brasil, o Instituto Butantan recebeu autorização da Anvisa, em maio deste ano, para iniciar testes do Soro Anticovid, desenvolvido pela instituição. O medicamento consiste em um líquido injetável, composto por anticorpos contra o Sars-CoV-2, e que tem como objetivo frear o agravamento da doença nos infectados, protegendo especialmente o pulmão, como demonstraram os testes feitos em animais, considerados extremamente efetivos pelo instituto.

Também está em teste o medicamento Molnupiravir, do laboratório Merck Sharp & Dome (MSD), desenvolvido em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics. O remédio age diminuindo a carga viral após o quinto dia de tratamento nos doentes não hospitalizados. Ele atua inibindo a replicação do vírus causador da Covid-19.

O laboratório Roche, por sua vez, está trabalhando em um coquetel anticovid, administrado por aplicação intravenosa. O medicamento combina as substâncias Casirivimab e Imdevimab e os resultados preliminares mostram que é capaz de reduzir em 70% os riscos de internação e morte em pessoas com possibilidade de agravamento do quadro.

Foto: Divulgação

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui