REDAÇÃO
MANAUS -|O Amazonas teve o seu primeiro caso de varíola dos macacos confirmado na quarta-feira (27), pela Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES). Trata-se de um homem com idade entre 20 e 30 anos, que mora em Manaus e esteve em Portugal. A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) recebeu a notificação de caso suspeito no dia 21 de julho e estava aguardando o resultado dos exames para a comprovação do diagnóstico.
Conforme a SES, no dia 7 de julho, o paciente apresentou sintomas como febre, aumento dos linfonodos do pescoço, dor de cabeça, sensação de fraqueza e falta de energia, dor muscular e, posteriormente, erupção cutânea sugestivas de monkeypox. O paciente estava em Portugal e procurou atendimento no serviço de saúde local, recebendo medicação de acordo com as queixas.
Por não ter apresentado melhora, ao chegar a Manaus o homem procurou a Fundação de Medicina Tropical – Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) onde, após avaliação de equipe médica, foi notificado como suspeita de monkeypox. A amostra do paciente foi submetida a exames realizados pelo Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), que recebeu o material encaminhado pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM).
Por protocolo nacional, uma segunda amostra foi encaminhada ao Lacen da Fundação Ezequiel Dias (Lacen/Funed), em Minas Gerais, e a FVS-RCP aguarda resultado do exame desta segunda amostra. O paciente está estável, se recuperando em domicílio e em isolamento. A investigação domiciliar acerca do caso segue, pelo CIEVS Manaus, da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus.
Segundo a FVS-RCP, todas as unidades de saúde (privadas e particulares) da capital e do interior do Estado estão orientadas para o atendimento. Já a vigilância de portos e aeroportos é de responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que conta com a parceria da FVS para as ações de Vigilância no território estadual e monitoramento de casos suspeitos e rastreio de contatos.
MANAUS – Já a Semsa afirma estar atenta, mesmo antes do anúncio do diretor-geral da OMS, tendo emitido alerta de risco para os profissionais de saúde da rede pública e privada, encontro técnico de educação permanente com profissionais de saúde para reforçar as orientações sobre a doença e classificação de casos, além de cards informativos no Instagram, para orientação da população.
Com o alerta, a Semsa quer orientar corretamente os profissionais para que, diante de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da varíola do macaco, façam a correlação e a notificação. “Trata-se de um agravo novo, então temos de estar sensíveis a possíveis casos e a nossa rede deve estar preparada para atender essas pessoas”, ressalta a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica da Semsa, Marinélia Ferreira.
PREVENÇÃO – As medidas de prevenção recomendadas por todos os órgãos de saúde consultados são as mesmas utilizadas para outras doenças transmitidas por contato pessoal direto ou por contato com superfícies contaminadas e incluem uso de máscara, higienização de mãos e isolamento do paciente com suspeita de contaminação, mesmo protocolo utilizado para a Covid-19.
“A OMS (Organização Mundial de Saúde) também recomendou o uso de vacina contra a varíola em públicos prioritários, como profissionais de saúde e especialistas que realizam diagnóstico laboratorial para a doença, porém, ainda estamos aguardando posicionamento do Ministério da Saúde quanto à conduta que será adotada no nosso país”, informa a diretora.
A OMS não recomendou, até o momento, a vacinação em massa.
NO BRASIL – O Ministério da Saúde informou na segunda-feira (25) que o Brasil já conta com 696 casos confirmados até o momento. O estado de São Paulo lidera, com 506 infectados, seguido por Rio de Janeiro (102 casos), Minas Gerais (33), Goiás (14), Distrito Federal (13), Paraná (11), Bahia (3), Pernambuco (3), Rio Grande do Norte (2), Ceará (2), Espírito Santo (2), Mato Grosso do Sul (1) e Santa Catarina (1).
O QUE É – A varíola dos Macacos ressurgiu na Nigéria em 2017, após mais de 40 anos sem casos relatados. De acordo com a OMS, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, as principais informações sobre a doença, contágio e prevenção são as seguintes:
- Trata-se de uma zoonose silvestre, um vírus que infecta macacos, mas que incidentalmente pode contaminar humanos. A doença é causada pelo vírus da varíola dos macacos, que pertence à família dos ortopoxvírus;
- Os sintomas iniciais incluem febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. Lesões na pele se desenvolvem primeiramente no rosto e depois se espalham para outras partes do corpo, incluindo os genitais. As lesões na pele parecem as da catapora ou da sífilis até formarem uma crosta, que depois cai;
- Pode ser transmitida pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis;
- O período de incubação é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias. Por isso pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação por 21 dias;
- Historicamente, a vacinação contra a varíola comum mostrou ser protetora contra a varíola dos macacos. Embora uma vacina (MVA-BN) e um tratamento específico (tecovirimat) tenham sido aprovados para a varíola, em 2019 e 2022, respectivamente, essas contramedidas ainda não estão amplamente disponíveis.