DA REDAÇÃO
MANAUS – | A pandemia de Covid-19 reverteu décadas de progresso no combate global à tuberculose, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado no final de 2021. Isso ocorreu porque houve esforço concentrado dos sistemas de saúde no combate à pandemia, impactando na redução dos testes e acompanhamento de novos pacientes.
No Amazonas, os novos casos de tuberculose somam mais de 9,3 mil registros entre os anos de 2019 e 2021. No ano passado foram registrados 3.211 casos, com um aumento de 4,3% em relação a 2019, ano de referência por ser anterior à pandemia de Covid-19, e dentro dos parâmetros esperados (10% anual), de acordo com o Programa Estadual de Controle da Tuberculose (PECT-AM).
A capital, no entanto, concentra 72,3% de todos os novos casos da doença registrados no ano passado e 61,45% dos novos casos registrados no primeiro trimestre deste ano. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), no ano passado houve um aumento de 11,8% de novos diagnósticos da doença – pacientes que apresentaram tubercuose pela primeira vez –, em relação a 2020, com o registro de 2.321 casos positivos. No primeiro trimestre deste ano já foram registrados 542 novos casos.
Tratamento e prevenção – De acordo com a Semsa, a principal estratégia para a redução dos casos e óbitos por tuberculose, definida pela OMS, é a ampliação do diagnóstico e tratamento da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB). Já as ações do PECT-AM para a prevenção da tuberculose no Amazonas incluem a disponibilização gratuita da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin), no Sistema Único de Saúde (SUS), que deve ser aplicada nas crianças ao nascer ou, no máximo, até 04 anos, 11 meses e 29 dias de idade, protegendo contra as formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a meníngea.
Tanto o Estado quanto o município de Manaus fazem o acompanhamento de pacientes e familiares. A Semsa mantém o serviço de telemonitoramento para casos de tuberculose e, hoje, acompanha 894 casos novos, incluindo crianças e pacientes com coinfecção TB/HIV. “O objetivo é fortalecer o processo de adesão dos pacientes, criando um canal de comunicação direta com o usuário, no qual é possível tirar dúvidas em relação a doença, diagnóstico, tratamento e exames dos contatos intradomiciliares”, informa a Semsa.
“Outra medida preventiva, é a avaliação dos familiares e outros contatos do paciente diagnosticado com tuberculose pulmonar para a investigação e diagnóstico da Infecção Latente por Tuberculose, de modo que pessoas que foram infectadas pelo Mycobacterium tuberculosis, mas que ainda não se encontram doentes, sejam diagnosticadas, tratadas e não venham a adoecer por tuberculose nos próximos anos”, informa a SES.
Além disso, também é realizada a busca ativa de sintomáticos respiratórios e ações educativas para a identificação dos sinais e sintomas da doença nos serviços de saúde, comunidade e escolas. Com isso, identificar e diagnosticar precocemente os casos de tuberculose, tratando-os oportunamente, quebrando a cadeia de transmissão da doença.
O que é ILTB – A ILTB ocorre quando uma pessoa se encontra infectada pelo Mycobaterium tuberculosis, sem manifestação da doença ativa. Estas pessoas infectadas podem permanecer saudáveis por muitos anos, sem transmitir a doença, porém, com risco de adoecimento. Os contatos que moram no mesmo domicílio e pessoas vivendo com HIV são os principais grupos que necessitam ser investigados. A Semsa vem intensificado as ações de ILTB nos últimos anos, com tratamento de 2.361 pessoas, iniciado entre 2017 até o último dia 18 de abril.