Geizyara Brandão
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MANAUS – | A digital influencer indígena Ira Maragua, 23, do município de São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, faz sucesso nas redes sociais ao gravar vídeos com conteúdo sobre as tradições do Alto Rio Negro. Ela já acumula mais de 33 mil seguidores, desde 2017.
Pertencente a etnia Baré, Ira conta que começou a fazer vídeos mostrando as danças, o artesanato, comidas típicas e a cultura em São Gabriel da Cachoeira. Depois, mudou-se para Manaus, com a finalidade de estudar, mas constantemente visita o município em que nasceu. “Mostrar a cultura de uma pessoa que é lá do interior, indígena, é meio novo ainda nos tempos de internet”, disse.
Técnica em enfermagem, Ira retorna para São Gabriel neste mês para concluir estágio na área, além de programar conteúdo para a internet. “Essa temporada em São Gabriel, vou ver se consigo gravar um pouco sobre a minha mãe e a minha avó ensinando os remédios que as pessoas podem usar quando estão com algum tipo de dor, por exemplo”, afirmou a influenciadora, destacando que esse é um dos assuntos mais pedidos pelos seguidores.
A digital influencer também fez curso de teatro, é dançarina do Boi Caprichoso e planeja fazer jornalismo, sem deixar de produzir conteúdo para a internet. “Quando eu publico alguma coisa meio diferente, tem pessoas que sempre mandam mensagem desnecessária, pensam que os indígenas são todos como costumam ver nos livros. A gente tem que quebrar esse estereótipo, porque não são todos que vivem em aldeia. Também vivem em comunidade, sítio, cidade mesmo”, destacou.
Ela conta, ainda, que tem o público do próprio Amazonas que se identifica com os vídeos postados sobre comida e lazer. “Tem pessoas de fora do Estado também. Tenho uma seguidora de Paris/FR”, comentou.
Ira Maragua ressalta que teve muito apoio da irmã mais velha, Suici, e também faz questão de enfatizar as outras etnias do Alto Rio Negro, como Cubeo, Bará, Tukano, Baniwa, Dessana, além da Baré. Ao todo, 21 etnias compõem a localidade. “Existem etnias que não são tão conhecidas, mas tem a sua existência, seu jeito de viver, a sua fala. Falo que sou Alto Rio Negro, sou Baré, mas levo comigo as outras etnias”, declarou.