ILUMINA+: LED no interior já apresenta resultados em descarbonização e eliminação de mercúrio

Implantação das novas luminárias já proporcionou economia de 26,9% em consumo de energia elétrica. FOTO: Divulgação.

MANAUS – |A implantação de luminárias de LED no interior do Amazonas, na região Norte, processo que iniciou em maio deste ano, já resultou na economia de 26,9% no consumo de energia elétrica, nos municípios, o que se traduz em ganhos no processo de descarbonização. Em dez anos, levando-se em conta apenas os resultados obtidos em oito municípios, onde já é possível contabilizar os efeitos, calcula-se a retirada de 26,6 mil toneladas de gás carbônico (CO2) da atmosfera.

Outro dado importante é que serão, pelo menos, 2,4 toneladas de mercúrio que deixarão de ser utilizadas nesses municípios, em dez anos. O metal poluente e altamente tóxico está presente nas lâmpadas de vapor metálico, de sódio e mistas, que são tradicionalmente usadas no interior, e que agora estão sendo substituídas por luminárias de LED, numa ação realizada pela Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) do Governo do Amazonas.

Os cálculos apresentados são da Avanço Construções, empresa contratada pela UGPE para a realização dos serviços. O levantamento preliminar foi feito nos seguintes municípios: Parintins, Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Nhamundá, Tefé, Itacoatiara, São Sebastião do Uatumã e Urucurituba.

A substituição das lâmpadas antigas por luminárias de LED já alcançou 13 municípios e 20 comunidades rurais do Amazonas. São 30,4 mil pontos de LED, em quatro meses, sendo 17,1 mil apenas nos oito municípios que fazem parte do levantamento realizado. As luminárias de LED são mais econômicas, oferecem maior luminosidade e causam menor impacto ao meio ambiente.

De acordo com o coordenador executivo da UGPE, engenheiro civil Marcellus Campêlo, até o final deste ano serão contemplados 27 municípios, num total de 60 mil pontos de iluminação. Os ganhos em descarbonização e proteção ao meio ambiente serão mais do que triplicados. A meta final, diz ele, é atingir todos os 61 municípios do interior do Amazonas.

Marcellus Campêlo explica que a queda no consumo, provocada pelo fato de as luminárias de LED serem mais econômicas, implica na redução da queima de combustíveis fósseis, usados na geração de energia, no interior.

Nos oito municípios onde o estudo foi feito, a potência nos parques de iluminação caiu 834,34 Kw, saindo de 3.095,93 Kw com as lâmpadas convencionais, para 2.261,59 Kw com a iluminação de LED. A redução de 834,34 Kw representa mais de 35 milhões de quilowatts que serão economizados em dez anos.

“Essa é a diferença da carga retirada para a nova carga instalada. O resultado é a economia já observada hoje. No exato momento em que as luminárias foram substituídas, já houve a redução em quase 27% no consumo de energia média desses municípios”, relata o engenheiro eletricista Josenaldo Prazeres, da Avanço, responsável pela execução dos trabalhos no interior.

Tais valores, segundo Prazeres, podem ser traduzidos na redução das emissões de gás carbônico e demais gases de efeito estufa na atmosfera, já que, na Amazônia, 90% de toda a energia produzida vem de termelétricas movidas a óleo diesel, altamente poluente e não renovável.

“Com a redução do consumo, o ciclo de poluição também se transforma, já que menos combustíveis fósseis são queimados para a geração da energia. Somente com os oito municípios, em dez anos, deixarão de ser emitidas 26,6 mil toneladas de CO2”, diz Josenaldo Prazeres.

Para chegar à quantidade de CO2 reduzida, foi utilizada a calculadora de emissões do Programa Carbono Neutro, disponibilizada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam). A ferramenta foi desenvolvida com base nas guias do GHG Protocol e utilizando fontes de dados e fatores de emissão disponibilizados pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), Eletrobrás e Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

A redução no consumo de energia também tem reflexos para os cofres públicos. Considerando que a tarifa paga pelos municípios do Amazonas à concessionária de energia, acrescida dos impostos, é de R$ 0,44 centavos por quilowatt/hora, serão economizados pelos oito municípios em questão, em um período de dez anos, R$ 22,8 milhões (com aplicação do reajuste médio anual de 7%).

Mais iluminação, menos mercúrio – As luminárias de LED, explica o coordenador da UGPE, Marcellus Campêlo, não possuem filamentos metálicos, ou qualquer outra substância tóxica na composição. “É por isso que não emitem poluentes ou substâncias como o mercúrio, que podem prejudicar as pessoas, os animais e o meio ambiente, de uma forma geral”, destacou.

O levantamento feito pela Avanço mostra que, ao substituir o sistema de iluminação nesses oito municípios, 244,82 kg de mercúrio estão sendo retirados de circulação. O engenheiro eletricista Josenaldo Prazeres ressalta que, no levantamento, foram considerados os impactos das lâmpadas com mercúrio na composição, em um período de dez anos, que é o tempo de vida útil das luminárias de LED utilizadas no interior do Amazonas. As lâmpadas comuns têm uma duração média de um ano.

 “Cada lâmpada retirada contém 0,02 kg de mercúrio em sua composição ou 20 miligramas. Quando multiplicamos isso pela quantidade de lâmpadas retiradas em cada um dos oito municípios, chegamos a 244,82 kg de mercúrio suprimidos, que corresponde a 2,4 toneladas em dez anos”, detalhou.

Compromisso global – A redução na emissão de gás carbônico na atmosfera é um compromisso global, presente nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma meta a ser cumprida pelos países, no combate às mudanças climáticas e seus impactos.

O mesmo ocorre com a erradicação do mercúrio, que integra um dos acordos ambientais mais recentes do planeta, a Convenção de Minamata, em vigor desde 2017 e da qual 132 países são signatários, inclusive o Brasil. O objetivo do tratado é proteger a saúde humana e o meio ambiente dos efeitos adversos do produto.

Na análise do diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux), Marco Poli, é bastante significativa a redução alcançada no consumo de energia, nesses oito municípios amazonenses que fazem parte do levantamento, e é grande o impacto que isso significa ao meio ambiente. “Esses valores são tremendamente significativos e os números não deixam dúvidas”, destacou.

Poli considera que o trabalho que vem sendo feito pelo Governo do Amazonas, para modernizar o sistema de iluminação pública do interior, conecta a Amazônia com a tendência global de eliminar de vez o mercúrio nas lâmpadas. “A indústria está parando de fabricar lâmpadas de mercúrio e já há um programa para que isso ocorra com a lâmpada fluorescente compacta, fluorescente angular e as lâmpadas metálicas. Até 2025, deveremos ter uma outra realidade do ponto de vista de disponibilização do produto e o Amazonas está no caminho certo”, salientou.

O secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira, mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, diz que o programa de iluminação pública que vem sendo desenvolvido no estado, contempla o tripé da sustentabilidade (social, ambiental e financeiro). “A redução de resíduos danosos, das emissões de CO2, traz também impacto na qualidade de vida das pessoas e gera economia, dando aos municípios uma capacidade maior para investir em áreas estratégicas”, observou.

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