Hacker diz à PF que usava a porta dos fundos para entrar no Ministério da Defesa

O hacker Walter Delgatti Neto declarou à Polícia Federal que entrava no Ministério da Defesa para discutir sobre urnas eletrônicas utilizando a entrada dos fundos. Segundo o advogado de Delgatti, essa entrada através dos fundos tinha o objetivo de evitar o registro da presença do hacker nos sistemas da entrada principal.

A informação foi dada em depoimento à PF após o hacker falar à CPI dos Atos Golpistas no Congresso e dar novos detalhes de sua relação com o governo Bolsonaro.

Perante a CPI, Delgatti Neto declarou que, durante esses encontros, forneceu “diretrizes” completas do conteúdo presente no relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas, o qual foi entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em novembro de 2022, logo após as eleições presidenciais.

Ele disse também que participou dessas reuniões a pedido do então presidente Jair Bolsonaro.

O hacker afirmou ter participado de cinco encontros no Ministério da Defesa, nos quais interagiu com especialistas da instituição. Ele ainda alegou que a posição final do ministério sobre a confiabilidade do sistema eleitoral foi definida por ele. Tanto a PF quanto a CPI estão em busca de evidências que comprovem a realização dessas reuniões.

Conforme o g1, o relatório do Ministério da Defesa não indicou ocorrência de fraude na votação, porém recomendou que o TSE realizasse modificações nos aspectos do sistema eleitoral que já haviam sido rejeitados por órgãos de fiscalização em termos técnicos. Além disso, ressaltou que não se podia garantir a completa imparcialidade das urnas.

A declaração do Ministério da Defesa, levantando questionamentos acerca da integridade das urnas, divergiu das avaliações unânimes de todas as outras instituições de supervisão, tanto nacionais quanto internacionais. Estas organizações foram uníssonas em confirmar a segurança das urnas eletrônicas e a lisura do processo eleitoral.

Segundo Delgatti Neto, embora não tenha escrito o texto em si, foi ele quem chegou a essas conclusões e as transmitiu aos técnicos do Ministério da Defesa.

“A ideia inicial era que eu inspecionasse o código-fonte, só que eles explicaram que o código-fonte ficava somente no TSE e apenas servidores do Ministério da Defesa teriam acesso a esse código. Então, eles iam até o TSE e me repassavam o que eles viam, porque eles não tinham acesso à internet, eles não podiam levar uma parte do código; eles acabavam decorando um pedaço do código e me repassando”, relatou Delgatti.

O relatório da Defesa foi algo inédito nas eleições de 2022, criado após pressão do então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro – que insistiu pela participação das Forças Armadas como entidades fiscalizadoras do processo.

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