Guerra no Leste Europeu atinge em cheio o bolso e a mesa do brasileiro

O pão nosso de cada dia e demais gostosuras derivadas do trigo ficarão mais caros. Foto: reprodução

DA REDAÇÃO

MANAUS – | A guerra entre a Rússia e a Ucrânia, dois países do Leste Europeu, chega hoje ao seu 16º dia, sem expectativa de acabar. Até o momento, as rodadas de conversas para pôr fim ao conflito não avançaram e, além dos horrores que tem provocado, visto em tempo real por todo o mundo, está fazendo a economia mundial estremecer, abalada principalmente pela dependência de dezenas, senão centenas de países, de produtos originários dessas duas nações, como o gás, o petróleo, fertilizantes e grãos.

E o que nós, brasileiros (e amazonenses), temos a ver com isso? Tudo. A guerra, travada a quilômetros de distância, já está afetando o bolso, a mesa e a qualidade de vida dos brasileiros. E esses efeitos já começaram. A Petrobras anunciou na quinta-feira, aumento de 18,77% no preço da gasolina, valendo para o consumidor a partir de hoje. O diesel também subiu 24,9% e o GLP (gás de cozinha) 16,06%.
Outro impacto forte será na mesa, com derivados de trigo, milho e soja fortemente impactados pela dependência das importações brasileiras justamente desses dois países. O Brasil importa trigo, milho e fertilizantes.

O aumento do petróleo, por sua vez, leva consigo tudo o que vê pela frente, impactando desde o vestuário até brinquedos, por exemplo. Sem contar com a logística de transporte de toda a produção industrial do país.

O aumento dos combustíveis é um dos impactos no bolso dos brasileiros. Foto: reprodução

“O barril de petróleo aumentou e o aumento de combustível é o primeiro reflexo, mas todos os demais produtos derivados de petróleo sofrem a pressão de aumento de preço. O petróleo compõe a cadeia produtiva de muitos produtos, como os têxteis, os plásticos e os químicos”, observa o economista Márcio Paixão, mestre em Economia e membro da direção do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM). “Teremos impacto no vestuário, brinquedos, calçados entre outros produtos que fazem parte do dia-a-dia do consumidor brasileiro”, explicou. O combustível também faz parte da cadeia de custos de logística e vai impactar no custo de outros produtos que certamente será repassado ao consumidor”, diz.

Um dos impactos mais importantes na mesa do brasileiro é o do trigo e seus derivados, como pão, macarrão e biscoitos. O Brasil importa 50% de tudo o que consume em derivados do trigo e quem são os países maiores produtores mundiais? Rússia (em primeiro lugar) e Ucrânia (em quarto lugar). O próprio Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirma a tendência de aumento de preços desses produtos. Outro impacto importante são os fertilizantes, base do agronegócio brasileiro. No ano passado, o Brasil importou 9,3 milhões de toneladas de fertilizantes da Rússia, seu principal fornecedor.

“O trigo e o milho compõem a cadeia alimentar do brasileiro e sua escassez, em função da guerra, provoca pressão no aumento de preço produtos finais. E também tem a questão dos fertilizantes e haverá escassez em função dos embargos impostos à Rússia”, explica. “Tudo isso pode pressionar a inflação, com aumento generalizado”, afirmou.

A expectativa de crescimento da inflação é confirmada na pesquisa semanal da XP, que aumentou suas estimativas de alta do IPCA para 6,2% – 1 p.p acima da projeção anterior –, em função do choque de custos provocados pela guerra na Ucrânia. A estimativa supera, e muito, a projeção do governo federal para 2022, que é de 3,50%.

Alimento, combustível e câmbio também são apresentados como os canais que deverão impactar a economia brasileira, pela pesquisa Sondagem da América Latina, da Fundação Getúlio Vargas, que aponta interferência na inflação e elevação dos juros como principais consequências da guerra. O estudo constatou a deterioração do Índice de Clima Econômico que, no Brasil, recuou 2,8 pontos – de 63,4 para 60,6 –, o menor entre os 15 países da América Latina que foram pesquisados.

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