DA REDAÇÃO
MANAUS – |”O desmatamento no Amazonas é o quarto maior entre os estados da Amazônia brasileira. São mais de 3 milhões de hectares já desmatados ou 7% do território estadual. E o desmatamento é a principal causa de emissão de gases de efeito estufa no território brasileiro. A informação é do biólogo, mestre em biodiversidade e doutorando em Ciências Ambientais pelo INPE, Diego Oliveira Brandão, com base em dados da plataforma Terrabrasilis do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O desmatamento acontece, principalmente, na mesorregião Sul amazonense. Os municípios de Lábrea e Apuí são os mais desmatados. Os municípios de Manicoré, Boca do Acre e Humaitá são outros exemplos de regiões no Sul do Amazonas onde as taxas de desmatamento são elevadas. “O desmatamento nesses municípios tem acontecido, principalmente, sem autorização dos órgãos ambientais”, destaca.
Outro fator é que grande parte dos municípios da Amazônia apontados pelo Observatório do Clima como os que mais emitem gases do efeito estufa no Brasil, está conectada a rodovias, como a BR 230 (Transamazônica) e a BR 163 (Cuiabá-Santarém). E, segundo Brandão, a existência de estradas é preponderante para as ocupações de territórios, consequentemente, de atividades que se não forem controladas e fiscalizadas podem se tornar predatórias ao meio ambiente, como o desmatamento.
“O desmatamento é a conversão de uma floresta em outra forma de cobertura da terra, como pastagens ou obras permanentes de infraestrutura”, explica. “É a forma mais abrupta de mudança no uso da terra na Amazônia brasileira, conduzindo à diminuição da capacidade de fornecer produtos e serviços florestais, tais como alimentos, água, matérias-primas, recursos medicinais, regulação climática, polinização e ciclagem de nutrientes”, afirma.
“Quando a floresta é desmatada, cerca de 80% do carbono presente na biomassa é liberado para a atmosfera, através da decomposição da vegetação (dióxido de carbono) e dos incêndios (monóxido de carbono). O carbono liberado pelo desmatamento aumenta a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, contribuindo para a maior retenção de calor e mudanças climáticas globais”, explica.
O estudo – O estudo divulgado pelo Observatório do Clima na segunda-feira (13) retrata uma década (de 2000 a 2019) e inclui mais de uma centena de fontes de emissão nos setores de energia, indústria, agropecuária, tratamento de resíduos e mudança de uso da terra e florestas. De acordo com o estudo, oito entre 10 municípios brasileiros que mais emitem gases de efeito estufa estão na Amazônia e o desmatamento é sua principal fonte de emissão. Entre os municípios é citado Lábrea, no Amazonas.
O estudo também indica que o setor agropecuário foi o maior emissor de gases de efeito estufa, respondendo por 67%, em 2019. Cruzando informações com o PIB Agropecuário do IBGE o estudo concluiu que os 10 municípios maiores emissores não estão entre os de maior PIB agropecuário, ou seja, as emissões não resultam em ganho econômico para o município.
O levantamento também aponta que, de 2000 a 2019, entre os dez municípios mais emissores, houve aumento de 2,13 milhões de hectares de pastagem (em vez do aproveitamento de áreas já abertas). Mais da metade (56%) encontra-se em algum estágio de degradação. Isso indica o potencial de recuperação dessas áreas, que podem se tornar mais produtivas e contribuir para a remoção de carbono, quando bem manejadas e sem a abertura de novos pastos.