ECOMOMIA CRIATIVA: Indígenas Tikuna participam de oficina internacional de artesanato

O artesanato Tikuna já é reconhecido no Brasil e deverá chegar ao mercado colombiano. FOTOS: Antônio Ximenes/Sebrae-Am.

MANAUS – | Mais de 100 famílias da etnia Tikuna participam do Workshop Internacional de Artesanato Indígena, na comunidade de Bom Caminho, em Benjamin Constant na tríplice fronteira, no Alto Solimões. Às atividades tiveram início na terça-feira (24) e terminam nesta sexta-feira (27). A atividade conta com apoio do Sebrae Amazonas e conta com representantes dos governos do Brasil, Colômbia, governo estadual e do município.

Para a presidente da Associação das Mulheres Artesãs Tikuna da Comunidade do Bom Caminho, Elizabeth de Souza Tikuna, as oficinas estão trazendo novos conhecimentos para o artesanato que elas produzem e aproximando as culturas dos povos. “A gente aprende com os que os outros fazem e eles com o que a gente faz. É uma troca sem fronteiras”, afirmou.

Já a artesão Tikuna Cleide Ferreira espera que as oficinas possam levar o artesanato a ser reconhecido em outras fronteiras. “O artesanato local é vendido em grandes cidades do Brasil e a oficina poderá fazer que seja reconhecido também na Colômbia. Somos conhecidos pela nossa cultura e pelo artesanato”, explicou.

O Coordenador Geral de Empreendedorismo e Artesanato do Ministério da Economia, no âmbito do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), Fábio Silva, disse que o acordo existente com a Colômbia para a realização das oficinas de artesanato representa a internacionalização do artesanato da floresta com alto valor agregado impulsionado pela tradição do design e pelas orientações de mercado.

“Isso permite geração de renda para os indígenas que, com os seus trabalhos sendo comercializados nos grandes centros, têm condições de continuar produzindo sem deixar suas origens. Com essa aliança, o governo federal consegue manter a qualidade de vida deles, através do artesanato de alta performance”, disse.

Elizabeth, líder das mulheres artesãs.

O Coordenador Nacional dos Laboratórios de Inovação e Desenho dos Artesanatos da Colômbia, Juan Carlos Pacheco, destacou que os indígenas Tikuna têm tradição milenar com o artesanato e que o design melhor trabalhado amplia, ainda mais, as vendas das suas peças no mundo. “A Amazônia brasileira e colombiana tem uma linguagem artística muito parecida, que é aceita pela técnica refinada e o aproveitamento integral da matéria prima da floresta”, destacou ainda.

O cacique da comunidade Bom Caminho, Edival Vallejo Sales, salientou que com a ajuda do Sebrae Amazonas tem conseguido manter o padrão do artesanato de sua aldeia, que é conhecido nacionalmente, através das feiras em que participa e pelas oficinas que a instituição oferece. “Agora, com este intercâmbio internacional, ficará ainda mais valorizado, o que é muito bom para as artesãs da aldeia”, comemorou.

A diretora técnica do Sebrae   Amazonas, Adrianne Antony Goncalves, que participou da abertura das atividades bilaterais na aldeia, disse que o Sebrae tem trabalhado na constante evolução do design do artesanato indígena e ribeirinho, e que participar desta ação internacional, é o reconhecimento de anos de trabalho integrado com os artesãos e artesãs do Amazonas.

Anfitrião da oficina internacional de artesanato, o secretário de Turismo e Empreendedorismo de Benjamin Constant, Marcelo Bacana, disse que o município é um dos mais avançados em temas relacionados aos indígenas, dentre eles o artesanato, por ter um campus da Universidade Federal do Amazonas, onde o curso de Antropologia é destaque. E, também, pela proximidade com o Vale do Javari, que tem seis etnias e a maior quantidade de índios isolados do Brasil.

“Nós trabalhamos atentos ao turismo, empreendedorismo e ao fortalecimento das culturas das etnias locais. E sediar esta oficina internacional de artesanato nos orgulha, por tudo que temos feito pela economia da floresta e seus povos”.

O evento é uma realização dos governos do Brasil e da Colômbia, por meio do Programa de Artesanato Brasileiro e Artesanias de Colômbia, respectivamente. A iniciativa tem o apoio da Prefeitura Municipal de Benjamin Constant e do Governo do Estado do Amazonas.

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