Dengue: ressurgimento do sorotipo 3 coloca em alerta a saúde no Amazonas

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) está em estado de alerta, devido ao reaparecimento do sorotipo 3 da dengue no território nacional. Recentemente, um novo caso desse tipo viral foi identificado em São Paulo e outros quatro em Pernambuco. Embora não tenha havido registro na região, o Amazonas apresentou um aumento de 70% nos casos de dengue até outubro.

Segundo a FVS, apenas os sorotipos 1 e 2 estão em circulação atualmente no Amazonas e são detectados nas análises realizadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

De acordo com dados da FVS-RCP, de janeiro até esta quinta-feira (30/11), foram registrados 15.460 casos de dengue e 11 óbitos pela doença. Nos últimos 30 dias, foram notificados 792 casos da doença.

Os números representam um aumento de mais de 70% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2022, foram notificados 8.822 casos da doença.

Segundo o chefe do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS-RCP, Elder Figueira, é um grande alerta quando aparece um novo sorotipo. “Como a população nunca teve contato com esses tipos de vírus, todos são suscetíveis. Então, isso pode aumentar o número de notificações”, explica.

Elder Figueira ressalta que o vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um diferente.

“Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo”.

Ainda de acordo com o especialista da FVS-RCP, a estratégia mais eficaz para prevenir a dengue é eliminar os pontos de água parada, ambientes favoráveis à reprodução do mosquito transmissor da doença.

“A orientação é a adoção da lista de verificações (checklist) semanal, de 10 minutos de duração, de modo que a população possa agir para identificar os possíveis criadouros, como garrafas, vasos de plantas, pneus, bebedouros de animais, sacos plásticos, lixeiras, tambores e caixas d’água”, alerta Elder Figueira.

Fiocruz emitiu alerta no início do ano

No começo deste ano, a Fiocruz emitiu um alerta sobre a potencial ressurgência do sorotipo 3 com maior intensidade. Por mais de 15 anos, esse sorotipo não circulou de maneira significativa a ponto de desencadear novas epidemias no Brasil.

Os riscos ampliados se devem à possibilidade de disseminação dessa variante do vírus entre os estados, considerando uma população com imunidade reduzida, uma vez que as últimas infecções ocorreram no início dos anos 2000.

Segundo o último boletim epidemiológico sobre arboviroses do Ministério da Saúde, do último dia 23, neste ano, foram identificados casos de DENV-1, DENV-2 e DENV-3 no país. A maior parte dos estados “apresenta circulação concomitante de DENV-1 e DENV-2”, diz o documento, mas “Estados de Roraima, Acre e Pará apresentam circulação dos três sorotipos”.

Ainda de acordo com a última atualização do Ministério da Saúde, foram 1,66 milhão de casos prováveis de dengue; 24.109 casos de dengue grave e dengue com sinais de alarme e 1.037 óbitos.

É o segundo ano com maior número de mortes da série histórica da pasta, atrás apenas de 2022, que terminou com 1.053 vidas perdidas, ultrapassando pela primeira vez a marca de mil fatalidades em 12 meses pela doença.

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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