Conselho adia votação sobre usina que pode colocar internet brasileira em risco

A reunião do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema), que votaria a aprovação ou não da usina de dessalinização de Fortaleza foi adiada. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) não explicou o motivo do adiamento do encontro, que aconteceria nesta quinta-feira (19).

A TelComp, associação de operadoras do país, alerta que a estrutura da usina pode romper os cabos de internet submarinos que chegam a Fortaleza. Outras empresas de comunicação também apontam usina como risco para a rede do Brasil.

A usina de dessalinização que será construída no fundo do mar da Praia do Futuro, em Fortaleza, tem como objetivo remover o sal da água e aumentar em 12% a oferta de água potável para a população da região. No entanto, o projeto tem gerado preocupação entre empresários, que temem que a estrutura seja danificada e cause um apagão na internet no Brasil.

A Praia do Futuro é um ponto estratégico para o tráfego de internet na América Latina. É lá que chegam os cabos de fibra ótica da Europa, que são distribuídos para o Rio de Janeiro, São Paulo e outros países da região. Por isso, se os cabos forem rompidos no Ceará, a internet de todo o continente pode ser afetada.

De acordo com o projeto apresentado, a usina será instalada a cerca de um quilômetro da costa, onde passam 17 cabos submarinos. Em caso de acidente, a interrupção do fluxo de água poderia causar danos aos cabos e, consequentemente, um apagão na internet.

Empresários do setor de tecnologia têm pressionado o governo do Ceará a tomar medidas para garantir a segurança da usina. O governo, por sua vez, afirma que está tomando todas as precauções necessárias para evitar acidentes.

Em contrapartida, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), responsável pela usina, diz que o temor das operadoras é infundado porque a companhia já alterou o projeto inicial e retirou parte da estrutura da usina de perto dos cabos.

Mudanças do projeto original ainda preocupa

O projeto inicial da usina de captação de água do mar previa que a torre de captação passaria sobre alguns cabos de internet. No entanto, essa proposta gerou temor por parte das empresas de internet, que temiam que os cabos fossem danificados, causando interrupção dos serviços.

Em um segundo momento, o local de instalação da usina foi desviado, mas isso não foi suficiente para acalmar as preocupações das empresas de internet.

Em uma terceira versão do projeto, a Cagece, empresa responsável pela usina, afirmou que a torre passará a 500 metros da rede de fibra ótica. Com essa mudança, segundo Neuri Freitas, diretor-presidente da companhia, qualquer risco de afetar os serviços de internet no país está descartado.

“A nosso ver, isso está totalmente resolvido, não vamos trazer nenhum risco, buscamos a conciliação. A gente acha que não há esse risco já que no continente todos os cabos cruzam com alguma estrutura, como rede de gás, de energia e diversas outras estruturas”, afirmou.

Apesar da distância entre a usina e os cabos de fibra ótica, o receio de deixar o Brasil offline continua. Pesquisadores apontam que o risco de danos ao cabeamento é permanente, pois a usina estará sempre em operação e poderá gerar movimento no leito marinho.

“A usina vai puxar água do assoalho oceânico para tirar o sal. Essa sucção vai alterar o fundo do mar, mudando a topografia da região. E, mudando a topografia, os cabos vão se movimentar, o que também pode causar o rompimento de algum deles”, afirma o professor de Engenharia da Computação na Universidade Federal do Ceará (UFC) Yuri Victor Lima de Melo.

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