Geizyara Brandão
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O percentual de famílias brasileiras com dívidas aumentou 9,6 pontos percentuais em janeiro deste ano, se comparado ao mesmo período de 2021, passando de 66,5% para 76,1%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Para a vendedora Eduarda Fontenelle, o déficit surgiu após descontrole dos gastos mensais.
“Eu costumava anotar todas as minhas despesas, mas com o tempo fui deixando o hábito e fui me perdendo no meio das dívidas”, afirmou a vendedora, ressaltando que com o início da vida escolar do filho, os custos aumentaram ainda mais.
Já o publicitário Gilmar Miranda conta que o endividamento começou no início da pandemia, uma vez que o isolamento aumentou o consumo, inclusive desnecessárias. “Quando chegou em 2021 eu não comprei tantas coisas, mas elas se tornaram mais caras. Gastei muito com gasolina e comida, isso acabou inflacionando muito meus gastos”, disse.
Cartões de Crédito
Conforme a PEIC, considerado o crédito de curto prazo e o meio de pagamento mais difundido no País, o cartão de crédito é responsável pelo endividamento de 87,1% das famílias em 2022, um aumento de 6,6 pontos em relação a janeiro de 2021. Além disso, com inflação elevada e aumento dos juros, o indicador de contas ou dívidas atrasadas é o maior desde agosto de 2020, totalizando 26,4%.
Com uma dívida em torno de 12 mil reais, o vendedor interno Ericles Martins relata que possuía sete cartões de crédito e realizou um empréstimo. “O meu endividamento foi por excesso do uso de cartão de crédito. Atualmente não tenho utilizado mais nenhum”, pontuou.
Gilmar Miranda ressalta que conseguiu sanar as dívidas com o cartão de crédito realizando um empréstimo cuja taxa de juros demonstrou ser menor. “Vi que o empréstimo seria mais vantajoso. Quitei o cartão e estou pagando as parcelas do empréstimo, o que compromete a renda de R$ 800 a R$ 1000″, explicou.
Para Eduarda, o cartão de crédito não é um “vilão” nas despesas, porém, precisa ter controle e saber como usar. “Estou cortando os gastos desnecessários, usando cartão de crédito somente em emergências e voltando com as anotações”, contou.
De olho nas finanças
Segundo a educadora financeira Roberta Veras, é necessário ter metas definidas e planejamento para não ter dívidas. “Educação financeira não é apenas o controle de despesas ou ganhos em uma planilha de excel. Você tem que mudar o seu comportamento. Você tem que mudar o seu padrão de vida e viver de acordo. Enquanto a sociedade não tiver essa consciência vai continuar tendo esse endividamento”, ressaltou.
Roberta esclarece que é fundamental que a pessoa conheça o ganho líquido e não apenas o bruto do contracheque para poder organizar as despesas fixas e variáveis. Ela explica, ainda, que as despesas fixas são aquelas que ocorrem todos os meses, independente do consumo. Já as variáveis podem ter custos diferentes, como supermercado e energia. “A pessoa tem que ter muito entendimento sobre isso, porque se você estiver gastando mais do que você ganha, é nessas despesas variáveis que você vai encontrar a oportunidade de rever”, enfatizou.