BRUNO E DOM: Perícia confirma que partes de corpos encontrados são do jornalista britânico e terceiro suspeito tem mandado de prisão decretado

Chegada dos corpos em Atalaia, na madrugada de quinta-feira e levados para períccia em Brasília. FOTO: Reprodução.

DA REDAÇÃO

MANAUS – |São do jornalista britânico Dom Phillips as partes de corpos encontradas na última quarta-feira, 15, em local indicado pelo pescador Amarildo da Costa Oliveira, que confessou participação no crime. A identificação foi feita com base na perícia que está sendo realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística por meio de exame de Odontologia Legal combinado com a Antropologia Forense, segundo divulgou na tarde desta sexta-feira a Polícia Federal. A PF também informou, na noite desta sexta-feira que um mandado de prisão foi expedico contra Jeferson da Silva Lima, conhecido como Pelado da Dinha, por envolvimento nos assassinatos, mas que ele ainda não havia sido localizado. O mandado de prisão foi expedido pela juíza de Atalaia do Norte, Jacinta Silva dos Santos.

As análises vão continuar para que seja feita a completa identificação de todo o material humano recolhido no local, que de acordo com Amarildo é dos corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips. A PF diz que as análises são necessárias “para a compreensão das causas das mortes, assim como para indicação da dinâmica do crime e ocultação dos corpos”.

Pela manhã, em outra nota à imprensa, a PF informou que continuava a busca pela embarcação utilizada por Bruno e Phillips no dia em que ocorreram os assassinatos. E, pela primeira vez, citou a ajuda de indígenas da região e integrantes da Unijava nas buscas.

Mesmo diante de investigação inconclusivas e inquérito em andamento, a PF, em nota, disse que “não há mandante nem organização criminosa por trás do delito” e que há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa e que novas prisões poderão ocorrer.

Amarildo, segundo a Unijava, pertence ao crime organizado. FOTO: Reprodução.

UNIVAJA CONTESTA A PF – Em nota, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) contestou a versão oficial da PF de que não houve mandantes ou ação do crime organizado no crime. “Com esse posicionamento, a PF desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela Unijava em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021”.

De acordo com a nota, os documentos apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando nas invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual Pelado e Do Santos fazem parte. “Esse grupo de caçadores e pescadores profissionais, envolvido no assassinato de Pereira e Phillips, foi descrito em ofícios enviados ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Fundação Nacional do Índio”, diz a nota.

“Descrevemos nomes dos invasores, membros da organização criminosa, seus métodos de atuação, como entram e como saem da terra indígena, os ilícitos que levam, os tipos de embarcações que utilizam em suas atividades ilegais”, afirma, destacando, em seguida, que “Foi em razão disso que Bruno Pereira se tornou um dos alvos centrais desse grupo criminoso, assim como outros integrantes da UNIVAJA que receberam ameaças de morte, inclusive, através de bilhetes anônimos”.

De acordo com a Unijava, a nota da PF corrobora com aquilo que já destacou: “as autoridades competentes, responsáveis pela proteção territorial e de nossas vidas, têm ignorado nossas denúncias, minimizando os danos, mesmo após os assassinatos de nossos parceiros, Pereira e Phillips. Os requintes de crueldade utilizados na prática do crime evidenciam que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou a todo custo ocultar seus rastros durante a investigação. Esse contexto evidencia que não se trata apenas de dois executores, mas sim de um grupo organizado que planejou minimamente os detalhes desse crime”, reforça.

No final, a Unijava exige a continuidade e o aprofundamento das investigações. “Exigimos que a PF considere as informações qualificadas que já repassamos em nossos ofícios. Só assim teremos a oportunidade de viver em paz novamente em nosso território, o Vale do Javari”.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui