Por: Juliana Coutinho Borges
Enfim, chegou dezembro, mês de encerramento de ciclos, projetos e muitas reflexões sobre o que deu certo e o que não se conseguiu fazer. Para muitos, as festas de Natal e de fim de ano significam reencontrar os amigos em longas confraternizações, estar com a família, trocar presentes com pessoas queridas, relembrar momentos passados com pessoas da sua convivência, celebrar todas as coisas boas que aconteceram ao longo do ano em uma mesa farta com comidas gostosas e muitas risadas, fazer rituais, dar três pulinhos com sonhos escritos em um papel para assim, jogar no mar ou para cima para que se concretize. Para outros, é sinal de mais trabalho, estresse, sobrecarrega de trabalho, cansaço, excesso de compromissos, com dor física e mentalmente exaustos. É também um momento de dor pelas perdas.
A pesquisa publicada pela revista International Stress Management Association (Isma- BR) em 2010, e totalmente atual, mostra que o nível de estresse aumenta nesse período do ano. Em média, 75% das pessoas terminam o ano estressadas. A pesquisa constatou ainda que, entre os entrevistados 75% ficam mais irritados, 70% mais ansiosos, 80% sentem a tensão no corpo e 38% têm problemas para dormir. No consultório psicológico, pacientes relatam sinais de ansiedade e estresse, sintomas de angústia e depressão e até mesmo compulsão por não se sentirem confortáveis com essa data, muitos adoecem psiquicamente. Algumas falas são corriqueiras como: “Por que tantas festas? Não gosto de festas”, “não gosto do final de ano”, “é muita gente na rua comprando, isso me irrita”, “muita gente gastando o que não tem, só para aparecer”. “O trânsito fica um inferno, ninguém se mexe, tudo parado”, “as músicas de Natal são um tédio”.
Diante de tantas emoções, no fim de ano as pessoas tendem a se sentir mais nostálgicas, porque muitas memórias são relembradas e muitas relações renovadas. Não é o número de festas ou de amigos, de presentes ou prêmios que importam, mas é como se sentir feliz, orgulhosa ou amada. Há nas festas uma tentativa de realizar novos vínculos familiares e de amizade ou de refazer aqueles vínculos cindidos, há também, o estar em grupo, o sentido de pertencimento, estar consigo e com o outro. As festas em si, oportunizam as novas conquistas para o ano vindouro. Nesse contexto, em época de pandemia e fim de ano, a ideia de engajar-se às pessoas, de falar e se conectar com os outros, mesmo de longe, traz um alívio, uma sensação de completude, o sentido de renovação da esperança e do recomeçar.
Segundo Nádia Terezinha Zimmermann Wulf (psicóloga, especialista em psicologia clínica e educação em Joinville – SC), pensar na vida, fazer planos e saber o que queremos é importante para manter a saúde psicológica. Esse planejamento é a chave para reconstruir a ideia do novo normal e seguir com esperança nos novos tempos. A vida é um bem extremamente precioso, que precisa ser cuidadosamente planejada em busca de sonhos, objetivos, desejos e novas perspectivas. Essa é a maneira de construir alavancas de sustentação emocional para o momento presente.
Então, diante de cenários atual, não se tem um modelo do que fazer no fim de ano ou no ano que virá. Talvez você queira desbravar novos horizontes, queira mudar de casa, queira novos amigos, queira reencontrar velhos amigos, queira viajar ou ficar em casa, queira comemorar com a família ou queira comemorar com pouca gente junto. O importante é se manter em seu propósito de vida.
*Juliana Coutinho Borges, coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Santa Teresa