Amazonense tem trilha sonora finalista em concurso do Festival de Cinema de Alter do Chão

Rafael Borges usou sintetizadores e fez primeiro experimento de dublagem na produção da trilha sonora. Foto: Divulgação

Vanessa Bayma

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MANAUS – | A trilha sonora “You Can Run, But…”, do musicista, compositor e produtor musical amazonense Rafael Borges é uma das 10 finalistas do II Concurso de Trilha Sonora Amazônia, evento do Festival de Cinema de Alter do Chão 2021, que acontece de 8 a 12 deste mês.

Por causa da pandemia, todo o festival acontece de forma on-line. O resultado da competição musical será anunciado no dia 11, em transmissão ao vivo nas redes sociais. O premiado será escolhido por votação popular que ainda ocorre por meio de site (moniquearagao.com.br).

Em “You Can Run, But…”, somos mergulhados por uma atmosfera mais psicodélica, atmosférica, cujo filme, feito por Carlos Duba, dá o tom do ambiente musical que nos aguarda, mostrando um ser planetário tendo que fugir de algo. De acordo com Rafael Borges, os participantes puderam escolher entre três vídeos diferentes que já existiam para compor a trilha, mas todos eram em animação.

“Escolhi o vídeo do Carlos Duba, porque foi o que mais senti afinidade para sonorizar, por se tratar de um ambiente cósmico, um planeta estranho. Durante a produção, notei que o vídeo possuía várias nuances e adicionei efeitos sonoros para dar mais vida à trilha, no geral. Não é um trabalho fácil sincronizar todos esses efeitos com a trilha, ainda fazendo o áudio conversar diretamente com o vídeo, mas fiquei feliz com o resultado e por ser selecionado para a final do concurso”, comemorou o amazonense.

Rafael Borges é conhecido por seus trabalhos como músico em várias bandas de Manaus, como Alados, Olívia de Amores, Nave Marya e o duo O Tronxo, que também apresenta um som com uma “pegada” transcendental e psicodélica. Segundo ele, foi inclusive por meio de O Tronxo, projeto iniciado em 2013 com música apenas instrumental, que veio a inspiração para a produção da trilha selecionada.

“O fato de eu produzir música instrumental no Tronxo ajudou diretamente nessa criação. Nem pensei muito para escolher, fui direto nesse porque sabia que ia desenvolver algo melhor. Acho que também tem um pouco de Thom Yorke, mas voltado mais pra banda Atoms for Peace”, explicou Rafael, citando o grupo americano de rock alternativo formado por Thom Yorke, que é mais conhecido por ser vocalista da banda Radiohead.

Juntando composição, mixagem e masterização, o trabalho durou uma semana para ser concluído. Borges, no campo das trilhas especificamente, ainda tem poucos trabalhos e esse é seu terceiro inscrito em um concurso. Para a realização dele, foram usados instrumentos virtuais, como sintetizadores. “Fiz o primeiro experimento de dublagem. Nos efeitos sonoros, tentei simular o ambiente do vídeo, um planeta insólito, aí pude criar a realidade daquele lugar como imaginei na minha cabeça”, destacou.

A composição selecionada foi submetida à banca examinadora formada por Flávia Tygel, Kalau Franco, Luiz Avellar, Roger Henri e Vivian Aguiar Buff, nomes conceituados no cenário audiovisual. Flávia, por exemplo, é responsável pela trilha de “Os Ausentes”, série policial da HBO Max. Vivian fez as dos filmes “Apaixonados” e “Amor.Com”, sendo supervisora musical do estúdio de cinema da DreamWorks Animation, LA.

Essa é a segunda edição do concurso, que só recebe inscrições de compositores brasileiros. “Por fazer parte de um grande festival de cinema, o concurso promete dar excelente visibilidade aos participantes, criando oportunidades para os novos talentos, o que é justamente um dos princípios do Festival Alter do Chão”, explicou Monique Aragão, compositora, pianista e idealizadora do projeto.

Festival de Cinema

O Festival de Cinema de Alter do Chão terá cinco dias de exibição de filmes produzidos em território nacional, filmes internacionais, além dos produzidos pelas comunidades da região. Oficinas sobre produção audiovisual e cultural também serão oferecidas.

A mostra competitiva conta com 97 filmes de 37 países. A mostra paralela tem 103 filmes de 45 países, e a mostra especial do cinema francês, 10 produções. Do Brasil, são 18 produções cinematográficas. Todos os inscritos possuem abordagens diversas, como: pandemia, experimental, LGBTQIA+, ambiental, indígena, amazônico, comunitário, infantil, animação, além das mostras “Retratos Vivos” e “Um Olhar Além”.

Neste ano, o grande homenageado do evento será o fotógrafo e ambientalista brasileiro Sebastião Salgado. O prêmio será um muiraquitã confeccionado em jacarandá, com detalhes de aplicação em ouro. A base é em marchetaria, composta de osso e madeira, peça do artista Rony Borari.

O muiraquitã é um amuleto conhecido por trazer sorte e felicidade, segundo as lendas indígenas da Amazônia, e é muito conhecido por toda a região Norte.

Vanessa Bayma
Vanessa Bayma
Jornalista manauara com experiência de mais de 10 anos em jornal impresso. Passou pelas redações de A Crítica e Manaus Hoje como repórter e editora. Fez parte da assessoria de comunicação da Alfândega da Receita Federal. Gosta de ouvir pessoas.

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