AM realizou 59 transplantes de janeiro a agosto deste ano; Estado só oferta transplantes de córneas e rins

Os transplantes de órgãos são procedimentos que salvam vidas e melhoram a qualidade de vida de pacientes com doenças graves. No Brasil, o chamado ‘Setembro Verde’ tem o objetivo de estimular e conscientizar sobre a importância da doação para aumentar a captação e o número de órgãos e tecidos doados. É também no dia 27 deste mês, que o país celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos.

No Amazonas, as únicas modalidades de transplantes realizadas são as de córneas e rins. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), em 2022, foram realizados 106 transplantes de córnea. Este ano, até o mês de agosto, foram realizados 45 transplantes de córneas e 14 de rins.

Segundo a SES-AM, as operações foram realizadas por meio da Coordenação de Transplantes, que iniciou os procedimentos em julho de 2023, quando foi realizado o primeiro transplante renal do Amazonas pela rede pública de saúde, no Hospital e Pronto-Socorro Delphina Rinaldi Abdel Aziz. Desde então, os transplantes de rim e córneas são feitos na unidade hospitalar.

Os transplantes de rim são indicados para pacientes com insuficiência renal crônica, que é a perda da capacidade dos rins de filtrar o sangue e excretar as toxinas do corpo. Já os transplantes de córnea são indicados para pacientes com cegueira ou visão reduzida causada por doenças como a catarata, o glaucoma e o ceratocone.

De acordo com a SES-AM, a Coordenação de Transplantes é responsável por coordenar e supervisionar as atividades relacionadas aos transplantes de órgãos no estado. A coordenação trabalha para aumentar o número de transplantes realizados, por meio da conscientização da população sobre a importância da doação de órgãos.

Critérios e fila de espera

Como o Amazonas realiza apenas transplantes de córneas e rins, não há fila de espera. Os pacientes que precisam de transplantes de outros tipos de órgãos e tecidos, que não córneas ou rins, realizam o procedimento em outros estados por meio do processo de TFD (Tratamento Fora de Domicílio) e aguardam em fila geral do Ministério da Saúde.

Conforme a SES-AM, o transplante é o último recurso utilizado pelos profissionais da saúde. A pasta informa ainda, que o procedimento só é realizado após o paciente passar por todas as tentativas possíveis de tratamentos.

A lista para transplantes é única, valendo tanto para pacientes do SUS, quanto para os da rede privada. A lista de espera por um órgão funciona por ordem cronológica de cadastro, ou seja, por ordem de chegada e conforme outros critérios como os de compatibilidade, gravidade do caso e o tipo sanguíneo do doador. Esses fatores são levados em consideração para a definição de quem deve ser priorizado.

Os potenciais doadores não vivos são pacientes assistidos em UTI com quadro de morte encefálica, ou seja, morte das células do Sistema Nervoso Central, que determina a interrupção da irrigação sanguínea ao cérebro, incompatível com a vida, irreversível e definitivo.

Após efetivada a doação, a Central de Transplantes do Estado é comunicada e através do registro de lista de espera seleciona seus receptores mais compatíveis entre os pacientes que necessitam de um transplante.

A compatibilidade entre doador e receptor é determinada por exames laboratoriais e pacientes em estado crítico podem ser atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica.


Como os órgãos chegam a quem precisa?

O Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo e o Sistema Único de Saúde (SUS) é responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes no País.

Em números absolutos, o país é o 2º maior transplantador do mundo, atrás apenas dos EUA. Aqui, pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública.

A doação é um processo complexo, que envolve diferentes instituições e requer agilidade para ser bem-sucedido. Cada órgão tem um período máximo de permanência fora do corpo humano, ao longo do qual o transplante é viável, o chamado de tempo de isquemia.

No caso de doador vivo, a pessoa maior de idade e capaz juridicamente pode doar órgãos a seus familiares. Para a doação entre pessoas não aparentadas é exigida autorização judicial prévia.

Entre vivos podem ser doados um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.

Na doação de órgãos de pessoas falecidas são obtidos rins, coração, pulmões, pâncreas, fígado, intestino e tecidos como córneas, válvulas, ossos, músculos, tendões, pele, veias e artérias.

O Sistema Nacional de Transplantes tem em sua composição a Central Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde e as Centrais de Transplantes estaduais, dentre outros atores no processo de doação e transplante de órgãos e tecidos. As listas de espera para transplante são geridas pelas Centrais Estaduais de Transplantes. Os órgãos destinados à doação não utilizados no próprio estado são direcionados para a Central Nacional de Transplantes, que busca um receptor na lista única.

Para doação de órgãos, é fundamental que a pessoa interessada deixe clara para a família a sua vontade de doar. No Brasil, a doação só pode ser realizada com a autorização da família.


Importância da doação

De acordo com a SES-AM, campanhas de incentivo a doação de órgãos são feitas regularmente pela pasta. Além disso, neste mês de setembro, a secretaria realiza atividades voltadas ao tema, visto que o mês também é de campanha do Setembro Verde, mês alusivo à doação de órgãos.

A doação de órgãos pode ser feita por pessoas de todas as idades e condições de saúde, desde que sejam saudáveis e não tenham nenhuma doença que possa ser transmitida pelo órgão. A doação pode ser feita de forma voluntária ou compulsória, a partir de uma lei de 2012.

No Brasil, de janeiro a junho deste ano, foram registrados mais de 1,9 mil doadores efetivos de órgãos. Esse é um número recorde de doações, quando comparados números do mesmo período dos últimos dez anos, e possibilitou a realização de mais de 4,3 mil transplantes.

Segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), esse quantitativo representa aumento de 16% no número absoluto de transplantes de órgãos, quando comparado com o mesmo período de 2022. O Brasil também registrou mais de 6,7 mil potenciais doadores nos primeiros seis meses deste ano.

Quero ser doador de órgãos. O que fazer?

No Brasil, a doação de órgãos e tecidos só é realizada após a autorização familiar. Não é preciso registrar a intenção de ser doador em cartórios, nem informar em documentos o desejo de doar, mas a família precisa estar de acordo sobre o desejo de se tornar um doador após a morte, para que possa autorizar a efetivação da doação.

Assim, mesmo que uma pessoa tenha dito em vida que gostaria de ser doador, a doação só acontece se a família autorizar.

Somente com a devida autorização dos familiares, os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista de espera. A lista é única, organizada por estado ou região, e monitorada pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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