Alerta: Calor e seca aumentam casos de incêndios naturais durante o verão amazônico

Os incêndios florestais são recorrentes na Amazônia, especialmente durante o período de verão amazônico. No caso dos incêndios naturais, o fenômeno pode ser causado por diversos fatores, como raios e a queima inadequada de lixo em locais impróprios. As altas temperaturas e a baixa umidade do ar criam condições ideais para o fogo se espalhar rapidamente.

Além disso, outros acidentes com fogo podem ser ocasionados pelo forte calor. Nesta época do ano, o uso de ventiladores e ar-condicionados aumenta, o que pode gerar sobrecarga de energia elétrica e causar um curto-circuito, como alerta o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar (CBMAM), coronel Orleilso Muniz.

Conforme o comandante-geral, durante o verão amazônico, as áreas urbanas mais vulneráveis são as periféricas, já que estão mais próximas às vegetações que possivelmente foram derrubadas de forma irregular, além da utilização de fiações superaquecidas pelo uso contínuo de aparelhos elétricos que amenizam o calor.

“Os incêndios urbanos estão mais relacionados a instalações elétricas mal dimensionadas, somadas aos materiais inflamáveis que permeiam algumas residências, principalmente nas periferias. Algumas casas de madeiras que podem conter produtos reciclados, como pvc e papelão, também são mais propensas a incêndios. Sendo assim, é importante que as pessoas tenham cuidado com suas instalações elétricas”, explica o coronel Muniz.

Segundo o coronel, os incêndios naturais têm um impacto devastador no meio ambiente. Eles destroem a vegetação, liberam gases poluentes e prejudicam a fauna e a flora.

“Os incêndios também podem causar problemas de saúde para os moradores da região, pois podem liberar fumaça tóxica na atmosfera”. disse o comandante-geral.

Prevenção a incêndios

De acordo com o coronel Muniz, neste período de calor intenso, é muito importante que a população esteja conscientizada na prevenção contra possíveis incêndios.

“O verão amazônico chega e as pessoas normalmente queimam seus entulhos enquanto o clima está seco. Garrafas pet, móveis velhos e folhas secas são os mais comuns quando se trata de queima de dejetos, no entanto, o subproduto dessa queima é extremamente nocivo, principalmente para crianças e idosos. Portanto, nós recomendamos que não sejam feitas fogueiras em quintais. O correto é recolher o lixo que deseja descartar e deixar que o serviço de limpeza pública dê a destinação adequada”, esclarece.

Outro alerta é para o descarte de bitucas de cigarro ou quaisquer produtos inflamáveis em terrenos baldios ou estradas de ramais, onde a vegetação pode ser incendiada facilmente quando exposta às altas temperaturas.

“As pessoas precisam evitar fazer fogo, mesmo que por diversão, em áreas secas, que podem rapidamente se transformar em um grande incêndio e atingir residências que porventura estejam próximas. Dessa forma, é possível evitar tragédias”.

O comandante do CBMAM também reforça que as pessoas devem se atentar a velas, lamparinas ou outros objetos utilizados durante quedas de energia, já que podem facilitar que as chamas se alastrem em casos de incêndio.

“Deve-se evitar colocar qualquer objeto que produza calor próximo de cortinas, sofás ou roupas. Esses materiais queimam de forma muito rápida e certamente o tombamento de uma vela acesa pode acarretar em um grande incêndio. De forma recorrente nós temos atendido situações dessa natureza, então é importante que as pessoas tomem todo o cuidado para evitar que suas residências sejam consumidas pelas chamas, principalmente neste período seco”, explica o coronel.

Incêndio em lixão de Humaitá

Um incêndio de grandes proporções atingiu o lixão do município de Humaitá, na noite dessa segunda-feira (31).

O fogo provocou uma fumaça que acabou se alastrando para as comunidades próximas à BR-319. Moradores próximos ao local afirmaram que a fumaça tem provocado tosse.

O fogo foi controlado, mas brigadistas e equipes da prefeitura retornaram ao lixão na manhã de terça-feira (01/08), para verificar se ainda há focos de incêndio. Até o momento, as autoridades não descobriam a causa.

Operação Aceiro 2023

De acordo com o coronel Muniz, entre os dias 12 e 27 de julho, a operação Aceiro 2023, que integra a Operação Tamoiotatá 3, já combateu 56 focos de incêndio nos municípios de Humaitá, Apuí, Boca do Acre, Lábrea e Manicoré, no sul do estado, onde mais são registrados ocorrências dessa natureza neste período do ano.

Conforme os dados, Humaitá é a cidade com o maior registro de ocorrências, com 16 ações de combate a incêndio, seguida por Boca do Acre com 14 casos, Lábrea com 10 registros, Manicoré com oito e Apuí com oito também.

Ao todo, foram enviados 74 bombeiros militares e 10 viaturas, divididos em equipes de combatentes aos municípios mais afetados.

O coronel Orleilso Muniz esclarece que estes cinco municípios, que fazem parte do chamado Arco do Fogo, onde há o maior registro de focos de calor durante o verão amazônico, serão a base da operação.

“A maior parte das áreas de detecção desses focos de calor no Amazonas são terras de responsabilidade do governo federal, por isso, cerca de 30 servidores da Força Nacional também prestam apoio no contingente daquela região”, disse o coronel.

“Agora, com início do nosso verão amazônico, nós começamos o trabalho de combate aos incêndios nas localidades mais afetadas no estado. Esse é um trabalho em conjunto que realizamos, anualmente, em virtude do período de estiagem, que é quando os índices de focos de incêndios têm aumentado. Nós já enviamos o primeiro módulo de combate, e a operação deve durar até o mês de novembro, quando as chuvas retornam e não há mais a necessidade de manter o efetivo naqueles municípios”.

O monitoramento desses focos de incêndio é feito via satélite, que aponta os focos de calor, além de postos montados na cidade de Humaitá. De lá, após detecção de pontos de calor, o comandante da fração que está no município recebe o alerta e viaturas com o efetivo são deslocadas até a área para verificar se existe uma queimada ou apenas um ponto de calor, sem possibilidade de fogo.

“Além dos satélites, temos a utilização de drones, que também são uma excelente plataforma de observação aérea, com alcance de até 15km, o que otimiza a utilização do bombeiro militar no terreno, já que é ele que observa o local exato do possível incêndio, assim diminuindo o tempo de deslocamento e ação de combate”.

A Operação Aceiro 2023, coordenada pelo CBMAM, integra a Operação Tamoiotatá 3, da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). O plano de ação também é composto por agentes da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); brigadistas civis; Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema); Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama). 

“Trabalhamos em parceria com a Sema, que também está envolvida. É um conjunto de órgãos que, a partir de agora, irão atuar mais intensamente. A prevenção do Corpo de Bombeiros inibe os casos e agora com a base fica mais fácil de dar pronta resposta antes que o princípio de incêndio se transforme em uma grande tragédia”, pontuou coronel Muniz.

Ana Patrícia
Ana Patrícia
Jornalista em formação, com experiência em portais e assessoria de imprensa. Apaixonada por ouvir e contar histórias. Pseudo-cinéfila e constante entusiasta de Christopher Nolan e David Fincher.

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